Sem estratégia, sem rumo

“Qualquer empresa sem estratégia simplesmente corre o risco de se transformar numa folha seca que se move ao capricho dos ventos da concorrência.”

Michael Porter, revista HSM Management nº5, nov/dez, 1997

O alerta de Michael Porter (talvez, hoje, a maior autoridade acadêmica mundial em estratégia competitiva) é muito importante para qualquer empresa, independente de seu tamanho ou ramo de atuação. Sobretudo numa época tão turbulenta e exigente do ponto de vista concorrencial como a que estamos vivendo no país. Mais importante, ainda, neste tempo de final de ano e de preparação para o próximo exercício. 
Não basta cuidar da redução de custos e da eficientização dos processos, o que toda empresa preocupada, de fato, com o seu futuro vem fazendo. Essa é uma condição necessária mas não é suficiente. Para reforçar sua capacidade de competir e, em última análise, suas chances de sobrevivência, a empresa precisa de uma estratégia consistente.

“Muitas empresas chegaram à conclusão que a eficiência operacional é um beco sem saída (…) estão começando a perceber que aquilo que diferencia as empresas entre si e permite que tenham sucesso é afinal uma extratégia sólida e exclusiva.”

Michael Porter, Idem

Um comentário muito comum que se ouve sobre a dificuldade de planejar, de se ter uma estratégia bem definida, é a de que, em meio a um ambiente tão turbulento, não dá para prever o futuro e, portanto, é impossível ou improdutivo ter algo estruturado. É, no mínimo, perda de tempo. Contra este argumento, nunca é demais lembrar as palavras de Arie P. de Geus, durante muitos anos responsável pelo planejamento estratégico da Shell (reconhecidamente um dos melhores do mundo): “não é possível saber, e não importa, qual é o futuro. A única pergunta relevante é: o que faremos se tal coisa acontecer?“.

“Já que é impossível prever com exatidão, a idéia deve ser: esteja preparado para qualquer futuro.”

Clemente Nóbrega, autor do livro “Em Busca da Empresa Quântica”, Diretor de Marketing da Amil, revista Exame 25.03.98

E para estar preparado para qualquer futuro, é indispensável ter uma estratégia consistente. Uma extratégia consistente se constrói ao longo do tempo mas exige um exercício sistemático de planejamento estratégico e de repensamento constante do negócio. Sobre essa questão vale a pena repetir as palavras de Kent Nelson, executivo da empresa de encomendas norte-americana UPS, uma das maiores do mundo no seu segmento: “não tenha medo de repensar seu negócio – seus concorrentes já o estão fazendo“.
No próximo C&T, a sugestão de um processo mínimo de formulação estratégica.