Dependência externaameaça retomada do crescimento

 
O crescimento econômico sustentado de que o país precisa tão essencialmente (pelo menos 6% ao ano), depois de dar sinais positivos no primeiro semestre, passa, agora no final do ano, a ser ameaçado pelo mesmo fantasma que já assombrou o Brasil pelo menos quatro vezes desde a implantação do real: a excessiva dependência externa da economia.
As crises do México, da �sia, da Rússia e, a última, da desvalorização cambial em janeiro/99, abalaram a economia nacional porque ela depende criticamente de capitais externos para fechar as sua contas anuais. Embora a situação tenha melhorado desde que Armínio Fraga assumiu a presidência do Banco Central, o país ainda precisa de US$ 25 bilhões ao ano para fechar o seu balanço de pagamentos (contra US$ 33 bilhões em 99), E quando ocorrem crises, os capitais ficam escassos porque os investidores ficam com medo de não receber o seu dinheiro de volta.

“O investidor tem coragem de carneiro, velocidade de lebre e … memória de elefante”.

Roberto Campos, Jornal do Brasil, 20.09.98

A ironia do destino é que quanto maior o crescimento, maior a demanda por importações e, por conseguinte, maior desequilíbrio da balança comercial (se as exportações não crescem na mesma proporção), o que resulta em mais dependência de capitais externos. Isso cria um círculo vicioso que, nas condições atuais da economia brasileira, só pode ser rompido sem sustos externos. Dessa vez, são três as assombrações que podem provocar sustos: (1) preço do petróleo; (2) economia norte-americana; (3) Argentina.
O preço do petróleo continua alto no mercado internacional e a crise no oriente médio não ajuda na baixa. Boa notícia: o sheik Ahmed Yamani, ex-ministro saudita e, hoje, uma das maiores autoridade mundiais no assunto, prevê uma queda para US$ 10 o barril até o fim de 2001 (hoje está em torno de US$ 34). Já a economia norte-americana, depois de parecer que desceria da “exuberância irracional” com uma soft landing (aterrissagem suave) dá sinais de que a coisa pode ser diferente. Má notícia: os analistas dizem que, depois da queda das bolsas e da quebra de empresas da Internet, aumentou a probalidade de uma hard landing, com reflexos, inclusive, sobre o crescimento da economia mundial já no primeiro semestre/2001. No que diz respeito à Argentina, as perspectivas não são muito otimistas. O engessado regime constitucional de conversibilidade (um peso igual a um dólar), implantado pelo presidente Menen começa a fazer água. O FMI já está de alerta.
O problema dessas assombrações de fora é que elas, pela dependência da economia do país aos humores do cenário internacional, terminam por reforçar uma assombração interna bem palpável: o agravamento da questão social com todo o seu cortejo de males. Crescer de forma sustentada, mais que um problema econômico, é uma questão de segurança social. Vamos continuar torcendo pelo melhor cenário.

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