Um poema de Mário Quintana sobre a Esperança para um bom 2008


Mário Quintana foi um poeta extraordinário. Gaúcho de Alegrete, estudou em Porto Alegre e radicou-se na capital riograndense. É autor de uma obra notável pela simplicidade (sem ser simplório, muito pelo contrário, tem momentos de grande e consistente beleza poética) e pela recusa de uma visão amarga do mundo. Fez da esperança uma pedra de toque. Chamado de “poeta da esperança”, sobre ela chegou a dizer em entrevista: 

“O ditado diz que, enquanto há vida, há esperança. Eu digo que enquanto há esperança há vida. Porque nunca foi encontrado em nenhuma parte do mundo, num bolso de um suicida, um bilhete de loteria que fosse correr no dia seguinte.”

Mário Quintana, 1906-1994, poeta gaúcho

O seu tratamento poético da esperança não é ingênuo nem se confunde com o otimismo tolo. A propósito da diferença entre esperança e otimismo, vale a pena observar o que disse o escritor e psicanalista mineiro, radicado em Campinas, Rubem Alves:

“Esperança é o oposto de otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora,continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. (…) A esperança se alimenta de pequenas coisas. Basta-lhe um morango à beira do abismo.”

Rubem Alves, .escritor e psicanalista mineiro

O poeta inglês Samuel Johnson (ver a propósito da esperança como elemento essencial para o engajamento das pessoas o GH/380) observou que os saltos do ser humano não são, como se poderia esperar, de prazer em prazer mas de esperança em esperança. Por conta disso, talvez não seja exagero dizer que o homem é o único animal que tem esperança e que, por isso, é o único para o qual o futuro, e nele o ano novo, faz sentido.

“ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas,
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
—ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá:
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
—O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Mário Quintana

Com esse belo poema de Mário Quintana, o Gestão Hoje e os que fazem a TGI Consultoria em Gestão desejam aos seus leitores, clientes e amigos, um 2008 cheio de saúde, esperança e paz porque, de posse disso, o resto se faz. Que em 2008 o mundo continue crescendo, sem crises dramáticas. Que as guerras e os conflitos armados arrefeçam. Que o Brasil cresça de forma saudável, com menos miséria e menos violência. Essa é a nossa esperança e, no que nos couber, o nosso compromisso também. Viva 2008!