Querer, saber e poder

 
A propósito da exposição sobre o Pólo Químico e Farmacêutico de Pernambuco, realizada pelo diretor-presidente da indústria farmacêutica Hebron, Josimar Henrique da Silva, na reunião mensal da Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial (SPPE), dia 03.12.99 no Mar Hotel, Recife, o Dr. Antônio Vieira, Vice-Prefeito e Secretário de Saúde de Caruaru (cidade para onde está sendo projetado o Pólo) comentou tratar-se de uma iniciativa que, dado seu pioneirismo, faz lembrar os primórdios do Vale do Silício na Califórnia.
De fato, o Pólo, cujas características o fazem pioneiro na América Latina, está sendo projetado para uma região (Agreste Pernambucano) cujas características climáticas podem ser consideradas, à primeira vista, hostis. Todavia, um pouco mais de reflexão induz à conclusão de que um fator crítico de sucesso de um empreendimento do porte do previsto (20 unidades industriais) não é o clima ou a simplesmente a localização geográfica mas o conhecimento e a experiência, ambos materializados em Caruaru pelos 10 anos de atuação da Hebron, responsável pela aplicação das pesquisas realizadas pelas universidades da região (e das suas próprias) no campo farmacêutico em medicamentos de projeção nacional.
Entretanto, apesar de necessário, o fator crítico do conhecimento (saber fazer) não é suficiente. A impulsioná-lo deve estar um outro fator que é a iniciativa (querer fazer). E quando esses dois fatores se juntam, diz o Dr. Vieira, surge a possibilidade de realizar (poder fazer).
Querer, saber e poder são, portanto, verbos fundamentais de serem conjugados por aqueles que pretendem realizar, fazer as coisas acontecerem. São verbos executivos que estão no cerne da ação gerencial empreendedora.
Dos três, talvez o mais importante, o mais absolutamente indispensável para a realização, seja o querer. Se a pessoa quer mas não sabe, tem como procurar os meios de aprender, seja produzindo, seja adquirindo conhecimento. Se a pessoa não quer, mesmo que saiba muito, nada acontece, nada pode. O conhecimento desprovido da vontade de fazer nada mais é do que diletantismo. O que caracteriza os empreendedores, aquelas pessoas que são capazes de produzir coisas notáveis, é a vontade firme de fazer acontecer. É o muito querer que se transforma em paixão de realizar. Se a essa paixão alia-se uma boa lógica (o conhecimento sistematizado e operacionalizável), tem-se construída a possibilidade (o poder para fazer acontecer).

“Tudo é possível se um plano lógico for feito com paixão.”

Guy Kawasaki, revista Merketing Direto, dezembro/98

O Pólo Químico Farmacêutico é um exemplo disto e esse é, também, o desafio de toda ação gerencial empreendedora, tanto nas grandes realizações, quanto naquelas menores do dia-a-dia empresarial. Embora de portes diferentes, são de natureza semelhante. Um gerente que não quer com suficiente intensidade não pode, mesmo que saiba muito.