Como surgem os empreendimentos? Como nascem os negócios bem sucedidos? De que maneira constituem-se as empresas de sucesso?
Não é fácil responder a essas perguntas sem que se faça uma sondagem na alma dos empreendedores. E, aí, surgem as perguntas novamente. O que é um empreendedor? Qualquer um pode ser um empreendedor? O que é necessário para desenvolver uma disposição empreendedora?
Mais perguntas de difícil resposta. Talvez um exemplo ajude a esclarecer alguma coisa:
“Durante a Segunda Guerra Mundial me ocorreu que o Brasil deveria ser tão famoso por suas pedras como é a França por seus perfumes, e a Escócia por seu uísque.”
Hans Stern, criador da H. Stern
A brasileira H. Stern, hoje considerada uma das quatro grande joalharias do mundo, surgiu, como se pode ver pelo depoimento do seu fundador (o alemão naturalizado carioca Hans Stern), de uma visão empreendedora peculiar.
O que Hans fez de diferente dos outros? Certamente viu uma oportunidade onde os outros ou viam problemas ou não viam nada.
“Pequenas oportunidades podem ser o início de grandes empreendimentos.”
Demóstenes, 384-322 a. C., político grego
Desde que, claro, como já se sabia desde a Grécia antiga há mais de dois mil anos, essa oportunidade vislumbrada seja acompanhada de uma capacidade de realização. De transformar a visão em ação concreta.
Sim, não basta ver a oportunidade e ter a idéia. Há que ter, tanto quanto a visão, a capacidade de colocar em prática.
“Os pequenos atos que se executam são melhores que todos aqueles grandes que se planejam.”
George C. Marshall, 1880-1959, político dos EUA
Até aqui tem-se, então, algumas respostas para as perguntas iniciais: (1) os empreendimentos de sucesso precisam de empreendedores que os façam vir à luz; (2) os empreendedores, tanto quanto a capacidade de ver oportunidades, devem ter, também, a capacidade de colocá-las em prática.
Ter capacidade de transformar oportunidades em empreendimentos é condição necessária, mas não suficiente. Para transformar a iniciativa empreendedora em um negócio de sucesso é preciso mais. É preciso ter ou desenvolver capacidade organizativa e a sabedoria de não sucumbir à burocracia.
“… quando pressionados pela necessidade de estruturar a empresa, empreendedores muitas vezes buscam um porto seguro em organogramas e normas. Em outra palavras, burocratizam a empresa. (…) Ocorre que organizar não é o mesmo que burocratizar. Sofisticar a gestão significa repensar direcionamento estratégico, arquitetura organizacional, estilo gerencial, competências, sistemas e tecnologia: um caminho longo e tortuoso, mas provavelmente o único que leva ao futuro.”
Tomaz Wood Jr., revista Carta Capital, 19.07.2000
Portanto, para serem bem sucedidos, os empreendimentos precisam de empreendedores com visão das oportunidades, capacidade de colocar em prática essa visão e, depois do sucesso inicial, discernimento para estimular a organização estratégica do empreendimento, no caminho de torná-lo uma empresa capaz de sobreviver de forma competitiva.