Apesar de, já algum tempo, ser algo considerado inevitável, a mudança do câmbio tão cedo pegou todo mundo de surpresa, no início da semana passada.
Não se sabe ao certo, ainda, o que faz o governo mudar de idéia antes de maio, ou seja, da eleição na Argentina e do ajuste fiscal (qua vai permitir o lançamento da verdadeira âncora do real: a fiscal).
Talvez, tenha-se rendido rapidamente ao fato de que, como disse Simonsen, “inflação esfola, mas crise cambial mata.”
O certo é que a viagem do presidente ao Chile, de onde veio dizendo-se surpreendido pelos fatos… e a do ministro Malan aos EUA precipitaram a decisão.
Mais cedo do que tarde, entretanto, o câmbio muda, na esfera econômica, para equilibrar as contas externas e garantir as reservas cambiais, o grande trunfo macroeconômico que o país tem.
Na esfera psicossocial, as mudanças foram sinalizar que o governo tem o controle do processo de ajuste do plano, assegurando condições objetivas para organizar gradualmente a economia. Vale dizer : corrigir excesso de consumo de faixas da população (que alimenta a subida de preços) e reduzir a velocidade das taxas de crescimento do PIB (que provocam distorção no equilíbrio entre oferta e procura).
Acontece que, na execução das medidas tomadas, a inadequada articulação administrativa e política do governo terminou por provocar um grande tumulto no mercado e submeter o Plano Real a um duríssimo teste desnecessário. A semana terminou com o governo tendo que jogar pesado para retomar o controle da situação. Teve sucesso, pelo que parece demonstrar a alta de 25% do índice da Bolsa de São Paulo na sexta-feira.
Os efeitos prováveis de mudança cambial são:
Essas mudanças ajustam o cronograma da ancoragem do Plano Real, como se pode ver abaixo: