O governo enfrenta, hoje, no campo da economia, três problemas importantes:
Do lado fiscal, a falta de coordenação do presidente FHC atrasou as reformas tributária e previdenciária, e o programa de privatização, contribuindo para não reduzir a despesa pública (governo e estatais).
Do lado comercial, a mudança de câmbio e o estímulo fiscal às exportações deram condições de equilíbrio temporário à balança comercial.
Do lado do consumo, o conflito entre comerciante/consumidor, de uma parte, e o governo, de outra parte, está sendo apenas parcialmente tratado.
O consumo é uma moeda cuja outra face é a produção. Oferta de um lado, demanda do outro. Não adianta só frear a demanda (cumprindo uma tática econômica); é preciso também aumentar a oferta (formulando a visão estratégica da economia).
O aumento da oferta foi incentivado pelo governo com as importações: mas elas estão, agora, limitadas pela balança comercial. Qual o outro caminho? O apoio planejado à produção. E como fazê-lo? Através da definição clara de políticas públicas, orientando as empresas na direção das prioridades da indústria, do comércio, da agropecuária e do turismo. E através da explicitação de mecanismos de financiamento de longo prazo, via BNDES.
De qualquer modo, as vitórias políticas do governo, semana passada, no Congresso, parecem sinalizar para um cenário mais favorável, daqui prá frente.
Em maio/junho/julho, a inflação deve continuar sob controle (2% mensais): o câmbio não deve ultrapassar a paridade entre real/dólar; e o consumo deve-se manter estável. Mas o governo tem que praticar políticas de desenvolvimento setoriais e regionais (e o Nordeste?). Não dá prá ficar só apagando incêndio.