Por que Recife ficou fora?

    A Gazeta Mercantil de quarta-feira, 07.02.95, publicou matéria dando conta de que 13 cidades do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina uniram-se para criar a Mercocidades, uma rede de intercâmbio econômico, científico, cultural e político entre os “municípios-pólo” do Cone Sul.
Imagem 56.JPG Da Argentina entraram 4 cidades: Buenos Aires, La Plata, Córdoba e Rosário; do Uruguai, Montevidéu; do Paraguai, Assunção; e do Brasil, 7 cidades: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
    Por que ficaram de fora São Paulo e Recife, se o objetivo manifesto dessa rede é “oferecer respostas positivas às oportunidades e demandas que se apresentam às cidades em decorrência da redução dos entraves fronteiriços à circulação de capitais, bens e pessoas que vem sendo proporcionada gradualmente pelo Mercosul”?
    São Paulo, talvez, por seu tamanho descomunal e sua peculiar vocação de grandeza. E Recife?
    Seja por que razão for, essa exclusão tem impacto sobre as empresas já que, como informou a Gazeta “do ponto de vista econômico, os maiores beneficiados pelas Mercocidades serão as pequenas e médias empresas que por si só enfrentam dificuldades para ter acesso a oportunidades comerciais abertas pelo estabelecimento do Mercosul”. Prevê-se, inclusive “a implementação de intercâmbio eletrônico de informações sobre negócios, de um banco de dados sobre projetos federais, estaduais ou municipais com incidência econômica sobre as cidades e a edição de um guia de exportações, incluindo as empresas sediadas nos municípios”.
    Este episódio é ilustrativo para evidenciar a mudança de paradigmas com os quais temos que nos habituar. As articulações são para além das fronteiras, envolvendo os mais variados tipos de atores e interlocutores.
    Recife não fica a dever em nada a nenhuma dessas cidades mas, até agora, passou batido nessa novíssima e original articulação.
    Hoje em dia, mais do que nunca, seja para estados, cidades ou empresas, não basta ter predicados e requisitos, é preciso fazê-los valer como moeda competitiva e de articulação. Caso contrário, outros, sobretudo os concorrentes, farão valer os seus, em nossa frente.

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