Ironicamente na semana em que a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) de São Paulo informa a inflação de 0,4%, a menor dos últimos 41 anos no mês de fevereiro, arma-se uma crise de grandes proporções potenciais para a estabilização econômica Independente do mérito da questão (um rombo que, de acordo com as estimativas, vai de R$ 16, segundo a Revista Veja, a 24 bilhões; segundo Joelmir Beting), o que preocupa é o caráter pirotécnico da medida.
Enquanto todos os holofotes da mídia voltam-se para a CPI, as reformas estruturais (previdenciária, administrativa e tributária), indispensáveis ao ajuste fiscal sério e duradouro que permitirá a consolidação da estabilização da economia, vão sendo empurradas para um tempo perigosamente longo.
O Plano Real mantem-se de pé graças a uma complexa equação econômica que, da maneira em que está formulada, produz déficits enormes e aumenta aceleradamente a dívida pública, a custas de juros indecorosos e crescimento econômico muito abaixo do necessário.
Depois de ter produzido o maior déficit público dos anos 90, o governo FHC produziu, nos dois primeiros meses de 96, um déficit acumulado de R$ 3,3 bilhões.
Não existe mágica, portanto. Sem ajuste fiscal decente o Plano Real talvez não chegue a 97.
A CPI do Sistema Financeiro tratada de forma eleitoral pode criar uma cortina de fumaça paralisante e chover no molhado em situações que requerem apenas serenas e firmes medidas administrativas, judiciais e, em alguns casos, policiais.
Esperemos qua a seriedade prevaleça!
Para as empresas, as perspectivas são continuidade do aperto do crédito e dos juros impossíveis, com redobrada cautela dos bancos, diante das incertezas provocadas por uma CPI pirotécnica.