Praticamente todas as análises que são feitas considerando os impactos sobre o Nordeste da globalização da economia e da implantação do Mercosul apontam mais desvantagens que vantagens para a região.
Se isso é verdade, então, o que fazer? Que alternativas podem ser trabalhadas?
Em instigante estudo recente, o “chairman” da Rio Doce Internacional, ex-ministro e reconhecido estrategista, Eliezer Batista da Silva, apresenta dois cinturões principais de desenvolvimento da América do Sul: o Cinturão do Sudeste (influenciando pelo Mercosul) e o Cinturão de Desenvolvimento do Norte (a desenvolver-se no médio prazo de 5 a 10 anos).
Este Cinturão Norte se espalha, tendo como suporte logístico central o sistema de navegação pela costa marítima da Colômbia à Bahia, conforme mostra o mapa.
A população total sob influência deste Cinturão é, hoje, de 110 milhões e o PIB de US$ 240 bilhões. Segundo o estudo, “a existência de assentamentos humanos quase totalmente desenvolvidos ao longo de toda a costa de Cartagena até Salvador e uma completa ordem de ainda desconhecidas e inexploradas complementariedades econômicas faria deste Cinturão do Norte uma zona com o maior potencial para crescimento da América do Sul nas próximas duas ou três décadas.”
Essa breve visão do que poderia ser um grande mercado do norte da América do Sul (o “Merconorte”?) está completamente ausente do que se tem discutido e publicado sobre o Nordeste nos últimos anos. Só isto parece ser uma evidência de que, hoje, o debate está mais condicionado pelo que “não pode” do que pelo que “poderia ser”.
A propósito, já existem negociações avançadas entre a Petrobras e a empresa de petróleo da Venezuela (a segunda maior do mundo no setor) para a construção, em parceria, de uma refinaria no Nordeste, usando petróleo venezuelano.
Talvez a saída para a região esteja em ampliar a perspectiva espacial e temporal do debate. Deixar de olhar só para o Sul e olhar também para outras direções. Quem sabe, essa visão não seja promissora?