Uma das vantagens de se ter uma equipe que funcione é o gerente poder tirar férias tranqüilo.
Parece brincadeira mas não é. Nessa época do ano, muita gente se vê diante da dificuldade de programar alguns dias de descanso ou alguma viagem de lazer porque não pode deixar o negócio entregue a pessoas que não vão saber tocá-lo. Se isso acontece, alguma coisa não está andando bem. Afinal, a principal responsabilidade de um gerente não é fazer as coisas mas, sim, fazer com que elas sejam feitas.
O Caso do Gerente sem Férias e do Concorrente Interno que Virou Colaborador
O sujeito era um engenheiro com pouco tempo de formado que integrava uma equipe de projetos desde o tempo de estagiário. Há anos que não tirava férias porque considerava o seu trabalho imprescindível e, portanto, ninguém poderia substituí-lo. Um dia, foi convidado a assumir a gerência da equipe e aceitou. Deparou-se, de imediato, com o problema de ter que gerenciar algumas pessoas mais experientes e com mais tempo de serviço do que ele na empresa. Dentre elas, um engenheiro que estava certo de ser escolhido para o cargo.
Criou-se uma situação difícil, o engenheiro concorrente não dava tréguas, tentando mostrar que era ele quem tinha condições de assumir e não um recém formado, sem experiência. Para não ficar refém dessa situação, o gerente começou a fazer reuniões periódicas da equipe para acompanhamento do desempenho e programação das atividades. Institivamente, fez começar a girar o carrossel da equipe. O engenheiro, confiante no seu taco, não se segurou e, logo na primeira reunião, contestou um encaminhamento técnico sugerido pelo gerente, dizendo que tinha uma forma muito melhor de resolver. Em vez de polemizar sobre a melhor solução, o gerente suspendeu a discussão e pediu ao engenheiro para, na próxima reunião, apresentar sua sugestão completa e circunstanciada.
Na reunião seguinte, o gerente começou pedindo para o engenheiro fazer sua apresentação. O resultado não foi bom e não deu para disfarçar o constrangimento de todos. Com mais dois episódios semelhantes o engenheiro passou a ter um comportamento bem mais cooperativo, terminando por enquadrar-se no ritmo da equipe.
Hoje, depois de o gerente passar ainda alguns anos sem tirar férias, a equipe transformou-se numa empresa de vários negócios, com equipes diversas e vários gerentes. O engenheiro experiente é assessor da diretoria, o gerente é diretor e já tira férias regulares. De quinze dias a cada vez porque, afinal de contas, ainda há muita coisa por fazer…
Boas equipes não são obras do acaso, nem dependem apenas de bons valores individuais. Dependem muito, isto sim, do “conjunto”, da competência coletiva e da solidariedade compartilhada. E, isso, é resultado de muito “treinamento” (desenvolvido).
Assim como se diz que “quem trabalha muito não tem tempo de ganhar dinheiro”, o gerente que põe muito a mão na massa não tem tempo de gerenciar nem de tirar férias. Donde se conclui que desenvolver equipes autônomas e competentes é, em última analise, uma questão de qualidade de vida. Do gerente, dos integrantes da equipe e, por último mas não menos importante, da empresa, para quem qualidade de vida é sinônimo de capacidade competitiva.