A unanimidade entre os analistas é de que o ano de 1999, não será nada fácil. O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso já declarou: “99 será o pior ano dos meus dois mandatos“.
Chegamos a esse estágio por conta de se ter “empurrada com a barriga”, durante todo o primeiro mandato, a grave questão do ajuste fiscal, que, agora, está tendo que ser feito às pressas para viabilizar o acordo com o FMI, sem o qual o segundo mandato de FHC sequer começaria. Por conta disto, ironicamente, o novo governo, antes mesmo de começar, já deu a sua última cartada.
O mérito notável de ter literalmente derrubado a crônica inflação brasileira não foi acompanhado da preocupação obstinada de consolidar a estabilização para que o país pudesse voltar a desenvolver-se de forma sustentada. De meio para conseguir o crescimento seguro, o controle da inflação virou fim em si mesmo, em boa medida para garantir a reeleição, no curso da qual “a estabilização seria definitivamente consolidada” (esse argumento, aliás, deu margem a uma blague do deputado Delfim Netto: “Fernando Henrique vai precisar de três mandatos para concluir o ajuste“). Resultado: deterioração dos principais indicadores econômicos, como evidenciam os exemplos no quadro abaixo:
- PIB: US$ 800 bilhões (dez/97) US$ 785 bilhões (out/98).
- RESERVAS CAMBIAIS: US$ 71 bilhões (jun/98) US$ 40 bilhões (nov/98).
- DÍVIDA EXTERNA: US$ 225 bilhões (já foi de US$ 100 bilhões na década de 80).
- DÍVIDA PÚBLICA: 31% do PIB (1995) 42% do PIB (1998).
- DÉFICIT EXTERNO: 4,4% do PIB (out/98) maior desde 1982.
- PAGAMENTO DE JUROS: 3,3% do PIB (no período 91/94) 8% do PIB (98).
Foi a situação configurada por este quadro (sobretudo após a crise da Rússia, em agosto passado, quando literalmente se interromperam os fluxos de capitais externos e iniciou-se uma sangria das reservas cambiais da ordem de US$ 1 bilhão por dia) que transformou o acordo com o Fundo no único recurso do governo. As perspectivas para 99, portanto, estão fortemente influenciadas por esta realidade.
- MONITORAMENTO DO FMI: Ajuste Fiscal de US$ 28 bilhões (3,08% do PIB).
- ECONOMIA EM RECESSÃO: Queda de 1% do PIB, segundo o Governo e de 4,3%, segundo JP Morgan (banco norte-americano).
- INFLAÇÃO BAIXA: Entre 1% e 2% ao ano.
- JUROS ALTOS: Acima de 20% ao ano (bem menor do que a taxa básica atual, que está acima de 30%, porém mais de cinco vezes superior às praticadas nos países desenvolvidos).
- CÂMBIO: Hipótese do Governo: desvalorização de 8%. Diversos Analistas: desvalorização de 20%.
Apesar dos números relativos ao crescimento econômico e aos juros não serem animadores, é preciso considerar que seus impactos não serão lineares sobre todas as empresas. Além disso, como é natural nesses períodos, a mobilidade do mercado deve se acentuar e surgirão boas oportunidades para aqueles que estiverem atentos e em condições de aproveitá-las. Manter-se alerta e cuidar com toda atenção das finanças, continuam sendo fatores vitais para a sobrevivência empresarial em 99.
8ª Edição da Pesquisa EMPRESAS & EMPRESÁRIOS
Terça-feira, dia 15 de dezembro de 1998, no auditório do SEBRAE (rua Tabaiares, 360, Ilha do Retiro), das 8h30 às 11h, estarão sendo apresentados os resultados da 8ª Edição da Pesquisa EMPRESAS & EMPRESÁRIOS (Pernambuco Rumo ao Futuro: Evidências de Competitividade), realização da TGI, apoio do IEL/FIEPE e do INTG. |