O ano de 2000 não pode ser considerado, do ponto de vista econômico, um ano bom mas, sem sombra de dúvidas, foi melhor que 1999.
O Gestão Hoje – Conjuntura & Tendências expôs, no número 253 de 20.12.99 (ver no site www.gestaohoje.com.br), com base nas previsões de diversos economistas, um quadro de tendências das principais variáveis macroeconômicas denominado Ano 2000 Sem Surpresas. A seguir, é reproduzido o conteúdo exposto naquele momento , registrando o que de fato aconteceu no ano que esta terminando.
1. Inflação (=)
Previsão: os índices de preço ao consumidor devem ficar no intervalo entre 6% e 10% (patamar semelhante ao de 99).
O que aconteceu em 2000: todos os índices de preço ao consumidor estão abaixo de 9%.
2. Juros (-)
Previsão: devem começar a cair em janeiro, de modo a que fiquem entre 15% e 17% nominais (taxas básicas).
O que aconteceu em 2000: a taxa SELIC, o juro básico da economia, administrado pelo Banco Central, está em 16,5%.
3. Câmbio (=)
Previsão: admite-se que o câmbio na casa de R$ 1,80 está sobrevalorizado cerca de 17%, o que permitiria passar o ano estabilizado neste patamar.
O que aconteceu em 2000: o dólar comercial começou o ano em queda (abaixo de R$1,85) até chegar ao preço mínimo de R$ 1,72 em maio. A partir daí oscilou, entrou em alta nos últimos três meses e deve fechar o ano com uma variação igual à taxa de inflação.
4. Crescimento (+)
Previsão: o governo prevê 4%. Vários economistas trabalham com índices entre 2% e 3,5%.
O que aconteceu em 2000: o crescimento do PIB deve ficar entre 3,5% e 4%. Houve um crescimento muito alto no primeiro semestre porque a base de comparação (primeiro semestre/99) foi afetada pela queda acentuada da atividade econômica pós desvalorização cambial.
Com a verificação do acontecido, pode-se dizer que o ano 2000 foi, do ponto de vista macroeconômico, mais um ano de consolidação da estabilidade, principal bandeira política da era FHC. Tudo indica que Fernando Henrique Cardoso, com o Plano Real a tiracolo, vai entrar para a história como o presidente que acabou com a inflação e devolveu a estabilidade macroeconômica ao Brasil.
Se olhamos para o passado de descontrole inflacionário, é muito. Se olhamos para o futuro de descontrole social, é pouco. Nunca é demais repetir que, em razão de termos um dos perfis de distribuição de renda mais injustos do mundo (sem dúvida acentuado no período inflacionário) não podemos deixar de crescer a taxas de, pelos menos, 6% só para incluir a mão de obra nova que chega ao mercado a cada ano. Esse é o grande desafio (do desenvolvimento sustentado) que ainda permanece no ar.
“Sem estabilidade o crescimento não dura, mas sem crescimento a estabilidade não cria raizes.”
Andrea Calabi, economista, ex-presidente do BNDES
No próximo Gestão Hoje, as perspectivas para 2001.