Fatores críticos para aeconomia do país em 2002

 

No evento de lançamento da sua Agenda 2002, realizado sexta-feira, 30.11.2001, a TGI, como faz a cada final de ano, apresentou um balanço do desempenho econômico do país em 2001 e traçou o quadro das perspectivas para 2002.

Em relação ao desempenho da economia em 2001, o destaque foi para a acentuada frustração das expectativas positivas que existiam em relação ao ano que chegou a ser considerado, ao final de 2000, pela grande maioria dos analistas, como o mais promissor da era do real (ver a respeito Gestão Hoje 354). De acordo com a abordagem feita, essa frustração (devida basicamente à crise de energia e aos atentados terroristas aos EUA) foi mais decorrente de um componente de natureza psicológica que propriamente econômico. A perspectiva positiva do final de 2000 teria funcionado como uma visão do futuro possível, ocasionalmente nublada pelos imprevistos.

“Há sempre um momento em que uma porta se abre e deixa entrar o futuro.”

Grahan Greene, 1904-1991, escritor inglês

Isso porque, quando se lança um olhar isento, de médio e longo prazos, sobre o futuro do país, não se percebe nenhum obstáculo, de fato, intransponível para a manutenção de um crescimento sustentado de 5% a 7% do PIB ao ano, como o país precisa e a sociedade reclama. O Brasil já provou que isso é possível nas décadas de 60 e 70, constituindo-se, naquela época, num dos países de maior crescimento no século 20, apenas superado pelo Japão.

O crescimento sustentado, nunca é demais lembrar, é a condição necessária, embora insuficiente, para que a sociedade não fique refém de suas mazelas e o país possa realizar o seu potencial de futuro promissor.

Em relação a 2002, a principal vulnerabilidade externa do país continua sendo a necessidade de captação de mais de US$ 20 bilhões de investimento estrangeiro para fechamento das contas nacionais. O enfrentamento dessa vulnerabilidade requer um grande esforço exportador para geração de divisas (ver a respeito Gestão Hoje 346) e, em grande parte, condiciona os fatores críticos para o desempenho da economia no próximo ano:

1. Crise Energética

O que vai acontecer em termos de desdobramento ainda é algo imprevisível. As informações são imprecisas e o governo ou está confuso ou dissimulando. Se não chover o suficiente, pode complicar muito.

2. Guerra ao Terrorismo

Ainda é imprevisível o desdobramento da cruzada dos EUA contra o terror. Depois da série inicial de ações terroristas, houve um recuo que não se sabe até onde é efetivo. Se a capacidade de ataque dos terroristas não tiver sido abalada a instabilidade internacional pode se ampliar bastante.

3. Economia Mundial

Uma sincronia da desaceleração da economia pode afetar as exportações brasileiras se os três principais blocos econômicos do planeta (EUA/Canadá/México, União Européia e Japão/�sia) entrarem em recessão.

4. Argentina

Apesar de, na opinião da maioria dos analistas, o “fator argentina” já ter sido incorporado aos preços, sobretudo do dólar, uma “quebra” do vizinho trará instabilidade por algumas semanas à economia brasileira.

5. Eleição

O clima eleitoral do próximo ano afetará o ânimo dos investidores e, dependendo dos resultados, pode haver desinteresse de investir no país. Mas, certamente, será algo temporário, até que se perceba que o país está preparado para ser governado por qualquer presidente.

Esses são fatores que podem tanto “dar para chorar” quanto para rir. Depende da intensidade com que ocorram. Temos o direito de torcer pelo melhor.

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