O Gestão Hoje já teve oportunidade de tratar do tema da estratégia em vários dos seus números. Todavia ainda não enfatizou suficiente um aspecto muito importante na formulação estratégica: o quanto ela pode ser impulsionada por uma quantidade adequada de boa conversa.
Partindo-se do entendimento, já exposto pelo GH, de que a estratégia de uma empresa é algo que se vai construindo ao logo do tempo, é possível avançar um pouco mais em direção à importância da conversa.
“A estratégia de uma empresa… vai muito além de um processo racional e estruturado com começo, meio e fim… tem movimentos subterrâneos… Uma vez identificada, porém, deve ser aperfeiçoada com dedicação de artista.”
Thomaz Wood Jr., professor paulista
O que permite, justamente, o aperfeiçoamento da estratégia é a conversa e a conseqüente reflexão que provoca nas pessoas que pensam o futuro da empresa.
Essa “conversa” pode e deve ser mais estruturada em determinados momentos (quando se faz o planejamento estratégico periódico, por exemplo) e precisa ter espaços instituídos para se fazer de um modo mais produtivo.
Espaços adequados são, por exemplo, as reuniões periódicas, semanais ou mensais, de acompanhamento do desempenho. São momentos bem adequados principalmente porque neles são tratadas questões importantes, operacionais e/ou comerciais e/ou financeiras, em meio às quais vêm, inevitavelmente, outras questões de natureza estratégica que precisam ser “garimpadas”. A conversa é o principal “instrumento” deste “garimpo”.
Não qualquer tipo de conversa, claro, mas a conversa inteligente, franca e feita de boa vontade.
Conversa inteligente porque estratégia, qualquer que seja ela digna deste nome, se compõe de inteligência. Ignorância ou estreiteza de visão não constróem estratégia de qualidade nenhuma.
“Para vencer você precisa de estratégia e estratégia só se articula olhando para fora com inteligência, artigo raro na praça.”
Clemente Nóbrega, consultor e articulista
Conversa franca entre aqueles responsáveis pela gestão e por pensar o futuro da empresa porque estratégia não combina com dissimulações ou subterfúgios internos. Dissimulações, subterfúgios ou estratagemas só têm sentido, em termos de estratégia, quando são voltados para o “front” externo, para os concorrentes.
Conversa de boa vontade porque, além da paz ser prometida àqueles que a têm, num ambiente onde ela falta é muito difícil se produzir alguma coisa que preste, sobretudo estratégia, produto que não floresce em mau terreno. Mesmo que a conversa seja acalorada, é fundamental que ela seja construtiva e, não, desagregadora.
Portanto, pode-se dizer que se conversando sistematicamente, com inteligência, franqueza e boa vontade, não só se vêm brotar estratégias de qualidade como, também, instala-se o ambiente propício para seu florescimento e sua frutificação.
Isso é muito importante porque, hoje em dia, de uma forma cada vez mais intensa do que antes, uma boa estratégia é essencial para a sobrevivência e para o crescimento. Sem ela, qualquer empresa fica ao sabor dos ventos da concorrência e perde, progressivamente, todas as suas margens de manobra.
“Ou você tem uma estratégia própria, ou então é parte da estratégia de alguém.”
Alvin Toffler, futurista norte-americano