Depois dos últimos acontecimentos e, sobretudo, de todo esse tiroteio emanado da campanha presidencial, como ficam as perspectivas da economia no curto (fim do governo FHC) e no médio prazo (próximo governo)?
Dos cinco fatores que podem impactar a economia brasileira em 2002 (ver Gestão Hoje números 355 e 366) – Crise Energética, Guerra ao Terrorismo, Economia Mundial, Argentina e Eleição – há pelo menos dois que, no momento, inspiram atenção redobrada.
A Crise Energética parece, pelo menos por esse ano, domada. A Guerra ao Terrorismo, apesar da inacreditável escalada da violência no Oriente Médio e da preocupante posição dos EUA, parece ter perdido grande parte da energia que desencadeou no final do ano passado. A Economia Mundial, apesar de desacelerada, parece aguardar com otimismo o início da retomada do crescimento da economia norte-americana.
Por outro lado, a Argentina, depois de ter ensaiado um início de calmaria após a posse do presidente Duhalde, retoma seu calvário com corrida ao dólar, recessão violenta e ameaça de retorno da inflação.
Finalmente, o fator Eleição, é o que produz, no momento, mais instabilidade. As recentes variações de humor dos mercados (ações, câmbio e juros), presente e futuro, estão casadas com as variações dos candidatos nas pesquisas eleitorais divulgadas. E assim deve continuar, pelo menos, até outubro.
Em termos objetivos, o que se tem de concreto são os dados que o IBGE divulgou, na semana passada: crescimento do PIB de 1,5% em 2001, francamente influenciado pela crise energética (o crescimento foi de 3,17% no primeiro semestre contra uma queda de 0,1% no segundo).
Além disso, os indicadores também mostram uma coisa interessante: a indústria que, antes da crise energética, era quem vinha puxando o processo de crescimento da economia, e que sofreu um solavanco forte no segundo semestre de 2001 (queda de 3,74% contra um crescimento de 2,83% no primeiro semestre), está voltando a crescer em níveis semelhantes aos anteriores à crise. Isso é bom porque dá sinalização favorável para o futuro.
No curto prazo, se não houver nenhum sobressalto maior associado aos fatores apontados, as tendências finalizam para uma evolução do crescimento que tende a atingir algo próximo a 4% no último trimestre do ano, o que deve permitir um crescimento médio do PIB em torno de 2,5% em 2002.
Mantendo-se o mesmo quadro no médio prazo, o crescimento pode voltar, em 2003, ao patamar dos 4% alcançados em 2000 (mas atropelado pela crise energética em 2001). Isso, independente do resultado da eleição. Explica-se.
A evolução das condições econômicas, apesar dos vários tropeços e das várias lacunas ainda existentes, vividas pelo país nos últimos anos, acompanhada pela estabilidade das condições políticas, praticamente obrigam o próximo governo, independente de quem seja o candidato eleito em outubro, a dar continuidade ao governo FHC, pelo menos com as seguintes ênfases: estabilidade, crescimento e inclusão social.
O eleito, mesmo que seja da oposição, não poderá deixar de cuidar da estabilidade, por razões óbvias. Terá que garantir as condições para a retomada segura do crescimento e deverá promover um amplo processo de inclusão da grande parcela de excluídos (pobres e miseráveis). Por que e como fazer isso, já é assunto para o próximo Gestão Hoje.
Agradecimento
Os que fazem o Gestão Hoje agradecem os amáveis cumprimentos pela entrada no nono ano de ininterrupta atividade, repetindo o que foi dito a cada felicitação recebida: nada mais gratificante para quem edita um periódico que o elogio do leitor atento.
Obrigados.