Sem crescimento, país fica maispobre e pagando muito mais imposto

 
Na semana passada foram divulgados os números que evidenciam o empobrecimento do país em razão da falta de crescimento econômico dos últimos anos: o PIB do Brasil, medido em dólar, caiu da décima segunda para a décima quinta posição no ranking internacional.
O Brasil foi ultrapassado pela Ã?ndia, pela Austrália e pela Holanda, ficando apenas poucos pontos à frente da Rússia. Se o tão falado “espetáculo do crescimento” não acontecer, ainda que modestamente em 2004, seremos, com certeza, ultrapassados pela ex-pátria do comunismo.
“O Brasil ficou em 2003 na contramão do resto dos países que, em geral, exibiram um bom desempenho econômico. Até as nações da zona do euro (cujas economias mais desenvolvidas, tradicionalmente crescem pouco) tiveram bom desempenho.”
Alex Agostini, economista, FSP, 01.04.2004
O Brasil contabilizou, em 2003, um PIB de US$ 493 bilhões, contra um produto de US$ 10,857 trilhões ostentado pelos EUA, o primeiro do ranking (seguido do Japão com US$ 4,291 trilhões; da Alemanha com US$ 2,386 trilhões; do Reino Unido com US$ 1,752 trilhões; da França com US$ 1,732 trilhões; da Itália com US$ 1,459 trilhões; da China com US$ 1,381 trilhões; do Canadá com US$ 851 bilhões; da Espanha com US$ 819 bilhões; do México com US$ 612 bilhões; da Coréia com US$ 521 bilhões; da �ndia com US$ 510 bilhões; da Austrália com US$ 508 bilhões; e da Holanda com US$ 505 bilhões).
Esse resultado é especialmente triste porque o Brasil já ocupou, nos saudosos tempos do Plano Real, o posto de oitava economia do planeta. A partir daí, com o baixo crescimento médio atingido pelo PIB por todo o restante da década de 90 e nos primeiros anos do século 21, foi caindo, ano após ano, até chegar ao décimo quinto lugar de agora.
É verdade que a medição em dólar dos valores do PIB provoca algumas distorções que podem modificar a classificação a nosso favor. Se a análise fosse feita pela paridade do poder de compra das diferentes moedas, a posição do Brasil poderia passar para décimo lugar.
Neste caso, o nosso PIB atingiria algo em torno de US$ 1,3 trilhão. Todavia, ainda não existem dados completos que permitam o cálculo dos PIBs de todos os países usando essa metodologia.
De qualquer forma, não importa muito o valor ou a posição, o que está em jogo mesmo é a pouca capacidade de crescimento que a economia brasileira tem demonstrado ao longo dos últimos anos em comparação com os demais países. Em 2003, os países considerados emergentes (categoria na qual se inclui o Brasil, junto com a �ndia, a China, a Rússia e outros), cresceram a uma taxa média de 3,5%, enquanto o PIB brasileiro, por sua vez, decresceu 0,2%.
Não crescer é muito ruim não apenas por conta da queda no ranking mas, sobretudo, por outra queda mais séria e preocupante: a do PIB per capita. Em 2003, descontada a inflação, e para uma queda de 0,2% do PIB total, houve uma queda do PIB per capita (que é o produto total dividido pela população estimada do país que, em 2003, foi de 176,9 milhões de pessoas) de 1,5%. Ou seja, além de perdermos posições externamente, ficamos mais pobres internamente.
Enquanto isso, a carga tributária aumentou de 35,84% do PIB em 2002 para 36,11% em 2003, Isso porque houve um calote estimado em cerca de 1,97 ponto percentual. Se todos os que declaram impostos tivessem pago em 2003, a carga total teria pulado para 38,08% do PIB. Se, a esse total, juntarmos os aumentos de impostos já efetuados em 2004, como é o caso da Cofins, não será de estranhar se chegarmos, com folga, aos 40% este ano.
Só há um remédio para todos esses males (ranking mundial, PIB per capita e carga tributária): crescimento econômico. Sem ele, a coisa só tende, à medida em que o tempo passa, a ficar cada vez pior.

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