Não acredite em quem prometemágica com um livro ou uma palestra


Uma das coisas mais impressionantes da gestão empresarial contemporânea é como se encontra disseminada a busca por soluções milagrosas e, conseqüentemente, a propensão que muitas pessoas têm de se deixar enganar por todo tipo de picaretagem travestida de coisa séria ou de cunho “motivacional”.
Clemente Nóbrega, físico nuclear, escritor de livros sobre conhecimento científico e gestão empresarial e ex-diretor de marketing da empresa de saúde Amil, chega a ser enfático sobre o tema:
“Um dia alguém ainda vai escrever sobre a incrível ingenuidade dos homens duros, escolados, bons negociadores, espertos, mas que nessas coisas ou caem em ‘contos-do-vigário’ supostamente sofisticados ou então ficam fazendo a apologia de livros cuja mensagem se resume a recomendações do tipo: ‘faça as coisas mais importantes primeiro’. Francamente…”
Clemente Nóbrega, revista Exame, 05.11.1997
De fato, uma simples vista de olhos sobre as estantes dedicadas à “administração de empresas” das livrarias, sobretudo as de aeroporto, é suficiente para deixar qualquer um impressionado com a profusão de títulos de livros prometendo receitas mágicas ou infalíveis para resolver os problemas das empresas e, também, os problemas de motivação dos próprios leitores.
Dentre os títulos, avultam aqueles de auto-ajuda do tipo, “você-quer-você-pode”. Sem falar dos que apresentam receitas seguras para resolver os problemas das empresas combalidas pelas mudanças aceleradas e carentes de “energia empreendedora”.
A prática, todavia, evidencia à exaustão que não existe receita mágica para tratar das mazelas organizacionais, muito menos para reestabelecer a motivação para quem supostamente a perdeu. Só uma coisa é capaz de operar mudanças efetivas: muito trabalho e muita determinação de quem é responsável por conduzir o processo.
Como se não bastasse toda a literatura enganosa, há os “mercadores” da motivação que saem pelo mundo corporativo afora “pregando” o otimismo e a salvação empreendedora.
“Por convicção e responsabilidade não acredito em discursos, palestras e seminários de conteúdo supostamente motivacional e transformador. Esses eventos não motivam ninguém; não passam de uma experiência duvidosa, ditada pelo modismo ou pela ousadia de quem sabe semear superficialidades para colher dividendos imediatos.”
Gutemberg de Macedo, consultor paulista 
Palestras “motivacionais” ou livros de auto-ajuda pessoal ou empresarial, quando fazem efeito, são momentâneos. “Funcionam” apenas o tempo necessário para permitir a saída de cena do ilusionista.
“Motivação não tem nada a ver com estímulo temporário, e o efeito dessas conferências motivacionais é similar ao do gás hilariante: dura apenas enquanto o conferencista está no palco.”
Gutemberg de Macedo, Você S/A, setembro/2003
Portanto, cuidado com as palestras, livros ou filmes “motivacionais” que abundam por aí. Deles, praticamente nada se aproveita. Mudança de atitude, sejam pessoais ou organizacionais, dependem de muito trabalho e não se consegue, nunca, por nenhum passe de mágica, por mais charmoso ou competente que seja o mágico.

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