A importância do planejamento, sobretudo o planejamento estratégico, para o bom desempenho empresarial é algo já sedimentado há muitos anos no âmbito do saber relativo à gestão organizacional.
Hoje em dia não há nenhuma crônica de desempenho empresarial bem sucedido que desconsidere a importância do planejamento estratégico para o alcance dos bons resultados registrados.
Idalberto Chiavenato e Arão Sapiro dizem no livro recentemente lançado “Planejamento Estratégico – Fundamentos e Aplicações – Da intenção aos resultados” (Editora Campus), o seguinte em relação ao tema:
“Em um mundo globalizado cujas características são as fortes mudanças e a concorrência feroz, o planejamento estratégico está se tornando indispensável para o sucesso organizacional. A diferença hoje é que o planejamento estratégico deixa de ser anual ou qüinqüenal para se tornar contínuo e ininterrupto.”
Chiavenato & Sapiro
(A propósito, o livro é correto e faz uma boa compilação, constituindo-se numa fonte de qualidade para quem quer aprofunda-se no assunto.)
Desde que surgiu, após a Segunda Guerra Mundial, sistematizado em forma de conceitos transferidos da área militar para o mundo empresarial, que o planejamento estratégico, depois de atingir o seu auge na década de 1970, vem evoluindo e se adaptando como importante ferramenta de gestão, numa invulgar trajetória de vitalidade teórica e aplicação produtiva.
Todavia, apesar do prestígio e da sua utilidade prática, o planejamento, por melhor e mais bem executado que seja, não dá conta de toda a complexidade da vida real, conforme assevera o grande planejador Lúcio Costa, autor do Plano Piloto de Brasília.
“A única certeza do planejamento é que as coisas nunca ocorrem exatamente como foram planejadas.”
Lúcio Costa, 1902-1998, urbanista brasileiro
É impossível prever ou antecipar com exatidão tudo o que pode acontecer, tanto em termos de ameaças quanto em relação às oportunidades. No que diz respeito ao acaso, então, não dá sequer para ter a mais leve suspeita. Caso contrário, por definição, não seria acaso.
Por incrível que possa parecer, mesmo nos ambientes e circunstâncias mais planejadas, o acaso desempenha papel fundamental, de uma forma similar ao que desempenhou no desenvolvimento da vida sobre a Terra e da própria espécie humana.
“O Homo Sapiens é largamente um produto do acaso, não da intenção.”
Clemente Nóbrega, consultor brasileiro
No ambiente empresarial e na própria vida pessoal há que planejar o máximo possível mas, ao mesmo tempo, deixar sempre a porta aberta para o acaso, de modo a poder aproveitá-lo como a natureza o aproveita em prol da evolução das espécies quando ocorre em forma de mutações genéticas.
Planejamento (intenção) e acaso, portanto, formam o binômio da evolução organizacional. Inclusive porque, assim como a sorte só beneficia de forma eficaz aqueles que são persistentes, o acaso só beneficia os que estão atentos e preparados pelo planejamento. O pensador Pascal notou isso no que diz respeito à ciência.
“Nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas.”
Blaise Pascal, 1623-1662, inventor e escritor francês
Planeje, e planeje muito, mas não esqueça de deixar a porta aberta para que o acaso possa entrar e ser aproveitado na forma de saltos qualitativos para o futuro.