Todas as estatísticas estão apontando que 2004 será o melhor, em se tratando de vendas, dos últimos dez anos. Desde 1994 quando, sob o comando de Itamar Franco o país cresceu 5,9% ao ano, não se via nada igual.
Todavia, como já foi tratado no número anterior (ver GH 514), a natureza do consumo é significativamente diferente da verificada há uma década, a começar pelo crescimento das chamadas compras virtuais que já são 42% superiores às verificadas em 2003.
Esta, inclusive, é uma tendência que anda separada da evolução do PIB uma vez que, apesar do crescimento da economia ter sido praticamente zero em 2003, verificou-se, no mesmo período, no Brasil, um aumento de 62% das compras pela internet. Em 2004, as vendas pela rede já representarão 3,6% do varejo total, contra 2,75% em 2003, com um perfil bem característico:
“Em dezembro deste ano, mais da metade das vendas foram feitas pelo setor automotivo. As montadoras e revendedoras de veículos responderam por 56% do total de vendas, ou cerca de R$ 543 milhões. Os bens de consumo – de eletrodomésticos a CDs e livros – respondem por outros 26,4% ou R$ 257 milhões. Os outros 17,6% do total ficam com o setor de turismo, que faturou R$ 170 milhões neste final de ano.”
Marcelo Billi, Folha de S. Paulo, 25.12.2004.
Além dessa tendência de peso na mudança das características do consumo, outra, também citada no número anterior, deve ser objeto de atenção cuidadosa por parte das empresas. Trata-se da grande e pouco considerada influência que têm as mulheres nas decisões de compra.
Segundo a renomada consultora de marketing norte-americana Faith Popcorn em seu livro “Evolucion, Eigth Truths of Marketing to Women”, traduzido para o português com o título “Publico-alvo: Mulher – EVEolucion – 8 Verdades do Marketing para Conquistar a Consumidora do Futuro” (Editora Campus), as mulheres influenciam 80% das decisões de compra.
No que diz respeito aos carros, por exemplo, segundo Popcorn, as mulheres, além de comprarem 50% deles, influenciam em 80% das vendas do setor. Compram, também, 51% dos aparelhos eletrônicos de consumo, 50% dos PCs e 75% dos remédios vendidos em farmácias. Além disso, influenciam em 80% das decisões relacionadas aos cuidados com saúde. Tom Peters é enfático em relação à questão:
“Qual é a melhor oportunidade comercial dos dias atuais? Os serviços financeiros? A assistência médica? A produção dos automóveis e de alta tecnologia? Ou, ao contrário, são o lazer, os esportes e o entretenimento? A resposta está em uma única palavra: mulheres.”
Tom Peters, consultor norte-americano.
Além das compras pela internet e do poder de escolha das mulheres, outra tendência de grande importância em relação ao consumo contemporâneo é o avanço do telefone celular como item de peso nas despesas pessoais.
O número de usuários de celulares em todo mundo dobrou nos últimos quatro anos e já ultrapassou os assinantes da telefonia fixa: 1,5 bilhão contra 1,2 bilhão. Com um quarto da população mundial usando celular, o faturamento das operadoras chegou a US$ 414 bilhões em 2003. No Brasil, são os campeões do ano com 20 milhões de aparelhos vendidos, cinco milhões a mais do que em 2003.
Atenção, portanto: internet, mulheres e celulares são as tendências de peso no consumo. É preciso considerá-los adequadamente nos planejamentos empresariais a serem feitos daqui para a frente.