Não há quem, por mais desligado ou insensível que seja, não tenha ficado impactado pelas imagens impressionantes do maremoto que devastou extensas planícies costeiras de 14 países do oceano �ndico na manhã do dia 26.12.2004 e que começaram a ser mostradas ao mundo já na noite daquele mesmo domingo.

“Na sociedade da informação globalizada, tudo está perto: a onda da Indonésia entra na nossa casa pela televisão.”

José Sarney, Folha de S. Paulo, 07.01.2005.

Nunca um fenômeno deste tipo tinha sido tão fartamente documentado na forma de imagens em movimento, o que se explica pela grande quantidade de pessoas com câmaras portáteis filmando atividades de lazer em frente ao mar tranqüilo de paraísos turísticos orientais na pacata manhã do domingo seguinte ao dia de Natal. Não tinham nem a mais remota desconfiança de que estavam prestes a registrar imagens inéditas do maior cataclismo da idade moderna que atingiu 5 milhões de pessoas, desabrigou 2 milhões, feriu 500 mil e matou mais de 160 mil.
Depois que as ondas gigantes passaram, mesmo os mais experimentados observadores declararam seu espanto como foi o caso do secretário de Estado norte-americano Colin Powell que afirmou já ter visto muita coisa ruim como guerras, terremotos e furacões mas nada da magnitude do que testemunhou na região.

“A enormidade da destruição é mais do que tudo o que já vi, é capaz de causar uma impressão fortíssima que te silencia.”

Robert Holland, especialista britânico em socorro.

Essa sensação de espanto e impotência diante da inusitada dimensão da catástrofe é, na realidade, da mesma natureza daquela que devíamos ter diante da própria fragilidade humana face à magnitude das forças naturais e do caráter efêmero da nossa passagem individual e coletiva pelo planeta Terra.

“O trauma foi terrível e atingiu a todos nós, que mais uma vez ficamos conscientes da fragilidade do nosso mundo e de nossas vidas.”

Carlos Heitor Cony, escritor, FSP, 04.01.2005.

Todos os que vivem em regiões costeiras (metade da população do planeta) estão sujeitos à ação devastadora de um tsunami (do japonês tsu, onda, e nami, porto) de origem tectônica (choque das placas da crosta terrestre), a mesma do que atingiu o oceano Ã?ndico. Mesmo no Brasil, onde a probabilidade é baixa mas não é nula como dizem os programas de TV. É verdade que o país está situado numa região geologicamente estável, no meio de uma placa continental, distante de suas bordas (onde se dá a ocorrência do fenômeno) mas pode ser impactado, por exemplo, pela explosão violenta do vulcão Cumbre Vieja nas Ilhas Canárias, do outro lado do Atlântico. Projeções recentes dão conta de que a ocorrência desse fato possível geraria ondas que atingiriam a costa norte do Brasil com altura de 45 metros.
Afinal, como disse Viadiadhar Surajprasad Naipaul, escritor inglês nascido em Trinidad e Tobago, prêmio Nobel de Literatura de 2001:

“O tsunami afetou a todos nós. Ocidentais ou orientais, turistas ou locais, ricos ou pobres. Fez com que recordássemos que somos todos iguais diante da natureza.”

V.S. Naipaul, FSP Especial Tsunami, 09.01.2004.

 
Agradecimento
Os que fazem o Gestão Hoje e a TGI Consultoria em Gestão agradecem aos leitores pelas mensagens recebidas de bom 2005. Que o ano novo recém iniciado traga notícias bem melhores do que as que fecharam o ano passado.

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