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Depois de um longo perÃodo na defensiva, o governo Lula ganhou, usando a linguagem do boxe, um round da luta polÃtica com a eleição de Aldo Rebelo, por uma apertada margem de 15 votos, para a presidência da Câmara dos Deputados.
Desde a eleição de Severino Cavalcanti em fevereiro que o governo estava encurralado nas cordas e chegou muito perto de ser nocauteado no auge da crise polÃtica do mensalão.
Foram sete meses de quase completa paralisia do Executivo e do Legislativo. Só continuou funcionando, de fato, a área econômica, favorecida pelas excepcionais condições da economia internacional.
“Diminuiu a temperatura em BrasÃlia. A polÃtica vai mal, mas a economia vai bem no curto prazo. A agenda do Congresso continua paralisada, mas o governo reconquistou um mÃnimo de margem de manobra. A enorme liquidez internacional dá tempo ao paÃs. Mas a conta virá em futuro breve e com juros.”
Gesner de Oliveira, economista, FSP, 01.10.05
De fato, em meio à longa paralisia do governo, o que fica evidente é que o paÃs continuou funcionando como se, na prática, não estivesse acontecendo nada. O que dá a falsa impressão de que o governo é dispensável e o paÃs pode funcionar perfeitamente na sua ausência. O problema é que, enquanto isso acontece, o Brasil deixa de aproveitar a enorme janela de oportunidade que está aberta pela economia internacional, até não se sabe quando, para a retomada do crescimento sustentado, indispensável para o futuro do paÃs.
A última revista Exame traz ilustrativa reportagem de capa sobre o tema: “O Mundo Cresce. E o Brasil fica para trás”.
“A taxa de expansão mundial no ano passado, de 5,1%, é a mais alta em décadas (…) Graças a um volume recorde no comércio global, os bons ventos têm soprado não apenas para as nações ricas, mas especialmente para as remediadas e até para as mais pobres. Estima-se que exista algo como 20 trilhões de dólares nas mãos dos bancos e investidores em circulação no mundo.”
Exame, 28.09.05
Entretanto, o Brasil não vem se beneficiando como poderia desse cenário favorável. Há dez anos cresce menos que a média mundial. De 1995 a 2005 o paÃs acumulou crescimento de 25% contra uma expansão global de 45%. E, o que é pior, cresceu muito menos ainda que seus competidores diretos no contexto dos chamados paÃses emergentes: China, Ã?ndia, Rússia que tiveram, respectivamente, crescimento de 9,5%, 7,3% e 7,1%, contra a “explosiva” e excepcional evolução de 5% do PIB brasileiro em 2004.
“Não é possÃvel saber quando a bonança externa vai terminar. Mas a dimensão dos desequilÃbrios da economia dos EUA sugere que o mundo dos juros reais próximos de zero vai acabar em futuro próximo. Nesse momento ficará claro o real custo da atual crise.”
Gesner de Oliveira, economista, FSP, 01.10.05
A reportagem da Exame, depois de ouvir 120 das 500 maiores empresas do paÃs, chegou aos cinco principais problemas que impedem o Brasil de crescer sustentadamente a taxas maiores: (1) Impostos Altos; (2) Dinheiro Caro; (3) Infra-estrutura Ruim; (4) Excesso de Burocracia; e (5) Lei Trabalhista Antiga. à justamente para avançar na resolução deles que faz falta o governo.