No que diz respeito à gestão, ser admirado é melhor do que ser temido


Um dos primeiros recursos do qual se lança mão quando se tem que comandar é o autoritarismo. Ou seja, a tentativa de impor o desejo puro e simples de quem comanda sobre a vontade dos comandados. Há momentos em que, sem dúvida, não se pode tergiversar e é preciso firmeza sem contestação.
“Às vezes um grito vale muito mais do que uma tese.”
Ralph Waldo Emerson, 1802-1882, filósofo dos EUA
Mas, é só às vezes. E quanto menos necessário, melhor. Esses momentos de crise, onde a autoridade não pode nem deve ser contestada, devem, por princípio, ser raros. Caso contrário, a vida no trabalho se torna insuportável. Mais do que isso, até, em ambientes onde o autoritarismo predomina não se constrói confiança, só temor e, por conseguinte, raiva e boicote.
“O requisito final da liderança eficaz é ganhar confiança.”
Peter Drucker, 1909-2005, guru da Administração
E confiança se conquista pelo exemplo, pelo reconhecimento dos liderados acerca da capacidade de condução equilibrada e do senso de equilíbrio e de justiça. Em uma palavra, pela admiração que o líder consegue conquistar.
“O que produz a liderança é a admiração dos subordinados.”
Akio Morita, 1921-1999, fundador da Sony
A razão da utilização do autoritarismo como recurso primeiro de comando, pela via da dominação, talvez remonte ao ambiente familiar, onde é previsível que se aprenda, desde a mais tenra idade, a obedecer sem contestar. Aprende-se a seguir a velha e autoritária máxima: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Daí, a compreensível adoção do princípio quando da necessidade de comando no trabalho. O difícil, todavia, é aprender a exercitar a autoridade reconhecida e admirada. A sabedoria dos reis bem sucedidos.
“Aprender a dominar é fácil, a reinar é difícil.”
Johann Wolfgang Goethe, 1749-1832, poeta alemão
Para ir além do compreensível mas pouco fecundo autoritarismo original, faz-se necessário um esforço disciplinado de aperfeiçoamento, mesmo sabendo da dificuldade que é se fazer entender sobre o que é óbvio, não raro de uma clareza meridiana, que os outros infelizmente não vêem nem ouvem.
“Ser presidente é como administrar um cemitério. Há um monte de gente embaixo de você, mas ninguém escuta.”
Bill Clinton, ex-presidente dos EUA
Para ir além, é preciso, sobretudo, de um esforço de também perceber o óbvio, de admitir uma coisa simplesmente elementar que é a dependência que o comandante tem dos comandados. Afinal, a responsabilidade principal de um líder não é fazer ele próprio mas, sim, fazer com que os outros façam.
“Um chefe é um homem que precisa dos outros.”
Paul Valéry, 1871-1945, poeta francês
Uma coisa que, sem dúvida, ajuda e muito, é desenvolver a paciência necessária para não ir logo dizendo como deve ser feito ou mandando fazer.
“Faça perguntas em vez de dar ordens.”
Dale Carnegie, 1888-1955, escritor norte-americano
Além disso, um preceito, embora simples, é fundamental de ser adotado por todos os que pretendem ser líderes de fato, ou seja, mais admirados que temidos:
“Liderar é tratar as pessoas do modo como você gostaria de ser tratado.”
Ross Perot, empresário norte-americano

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