O "achatamento" do mundo afeta tanto as pessoas quanto as empresas

 
Segundo estimativa da revista Época (27.02.06) mais de mil livros são publicados diariamente no mundo, o que torna imperiosa a necessidade de ser seletivo na leitura para evitar o afogamento por excesso de papel. Em “O Mundo é Plano — Uma Breve História do Século XXI” de Thomas L. Friedman, comentado no número anterior (ver GH/578), isso fica evidente. Trata-se de uma grande reportagem sobre o “achatamento” do mundo que, apesar do excesso de texto (a grande maioria dos livros norte-americanos de negócios poderia ser escrita com a metade de páginas), merece ser lido com atenção por aqueles que se preocupam com os impactos da globalização para suas vidas e para suas empresas.
Friedman trata das dez forças que achataram o mundo: (1) a Queda do Muro de Berlim (que coincide com a consolidação do Windows como sistema operacional padrão dos computadores pessoais em todo o planeta); (2) o Surgimento da Netscape (que equivale ao início da bolha das empresas ponto-com); (3) os Softwares de Fluxo de Trabalho (cujo principal exemplo é a fixação do padrão Word para processadores de textos); (4) o Código Aberto (cujo exemplo talvez mais ilustrativo seja a enciclopédia virtual Wikipédia, literalmente escrita pelos usuários); (5) a Terceirização Internacional de Serviços (que tem como principal ícone a �ndia); (6) o Offshoring (cujo maior exemplo é a transferência de fábricas para a China e outros países orientais); (7) as Cadeias de Fornecimento Globais (cujo maior exemplo é a incrível estrutura do Wal-Mart); (8) a Internalização da Produção dos Clientes (cujo maior exemplo é a UPS, empresa mundial de entregas); (9) o Auto-fornecimento de Informações (cujo maior exemplo é o Google, ferramenta universal de pesquisa); e (10) as Tecnologias Potencializadoras (cujo maior exemplo é o sistema de telefonia por internet Skype).
“É essa tripla convergência — de novos jogadores, num novo campo de jogo, desenvolvendo novos processos e hábitos para a colaboração horizontal — que constitui, a meu ver, a força mais significativa a moldar a economia e a política globais neste início de século 21. O fato de tanta gente ter todas essas ferramentas de colaboração ao seu dispor, aliado à possibilidade de acessar, por meio dos motores de busca e da web, bilhões de páginas de dados brutos, vai garantir que a próxima geração de inovações venha de todos os cantos da Terra Plana.”
Thomas L. Friedman
Segundo Friedman, essa novíssima realidade não foi ainda bem compreendida por conta de três eventos perturbadores que vieram desviar a atenção do essencial: (1) o estouro da bolha das empresas ponto-com, pelo que provocou de descrença nos negócios baseados em tecnologia internet; (2) o atentado de 11 de setembro, pela comoção que criou e pela reação dos EUA no Afeganistão e no Iraque; e (3) o escândalo da Eron e de outras empresas de grande porte, pelo que provocou de desconfiança na contabilidade das grandes corporações. Todavia, segundo ele, as mudanças são irreversíveis e têm impactos importantes também sobre as empresas.
“Assim como os indivíduos precisam de uma estratégia para ajustar-se ao achatamento do mundo, as companhias também precisam.”
Thomas L. Friedman
Da experiência adquirida com a elaboração do livro o autor cita sete regras para isso: (1) não tente construir muralhas; (2) se pequeno, se comporte como grande; (3) se grande, se comporte como pequeno; (4) colabore; (5) mantenha-se saudável e venda a experiência; (6) terceirize para crescer e, não, para diminuir; (7) use a terceirização também para os projetos sociais. No próxima semana, o terceiro e último número sobre o “Mundo Plano”.

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