Uma das características da sociedade contemporânea, já batizada de “sociedade da informação, é o excesso de informações disponibilizadas para consumo de quem quer se manter minimamente informado acerca do que está acontecendo no mundo e ao seu redor. Jack Trout e Steve Rivkin, no bom livro “O Novo Posicionamento — A Última Palavra sobre Estratégias de Negócios no Mundo (Makron Books, 1996, São Paulo), fazem algumas referências ilustrativas a respeito:

“Nos últimos 30 anos produziram-se mais informações do que nos 5.000 anos anteriores; o total de conhecimento impresso dobra a cada quatro ou cinco anos; uma edição do New York Times de um único dia útil contém mais informação do que a quantidade a que uma pessoa tinha acesso, durante toda a sua vida, na Inglaterra do século XVII.

Jack Trout e Steve Rivkin, escritores norte-americanos

Diante dessa verdadeira avalanche informativa, o peso recai sobre as escolhas a serem feitas e sobre a quantidade a ser assimilada e processada. Diante de muita informação, além do estresse por não conseguir dar conta, pode sobrevir algo semelhante a um “curto circuito que leve a uma espécie de “apagão informativo.

“Uma boa quantidade de informação é benéfica e o excesso pode ser péssimo, porque não se consegue encará-lo e escolher o que presta. (…) o excesso de informação pode transformar-se em puro silêncio.

Umberto Eco, escritor italiano

A questão da escolha passa a ser, então, crucial. Elaine St. James, escritora norte-americana, autora do livro Simplify your Life: 100 Ways to Slow and Enjoy the Things that Really Matter  (“Simplifique sua Vida: 100 Maneiras de Diminuir o Ritmo  e Desfrutar das Coisas que São Realmente Importantes), chega a propor que, não só para a informação como para a vida, a opção recaia sobre poucas prioridades.

“Ninguém consegue manter mais de três prioridades (…) Descubra quais são suas prioridades e diga não para todo o resto.

Elaine St. James, escritora norte-americana

Pode ser que não se consiga para a vida uma redução tão radical de focos de atenção, embora se deva tentar, por uma razão muito simples: o excesso de prioridades significa a ausência delas.

“Quem tem prioridades demais, não tem, na prática, prioridade nenhuma.

Gestão Hoje 415, 27.01.03

Mas, independente desta luta que termina sendo cotidiana pela manutenção do foco no vasto oceano da informação e da conseqüente dispersão, a “regra de três das prioridades termina sendo particularmente útil quando se tem que comunicar algo importante, seja numa conversa em tempo exíguo, seja num discurso de “improviso. A propósito do discurso de improviso, são raros os que o são de fato. Só mesmo quando a surpresa da demanda é total e imediata.

“Geralmente leva pouco mais que três semanas para se preparar um bom discurso de improviso.

Mark Twain, 1835-1910, escritor norte-americano

Quando se tem que fazer um pronunciamento importante sem ser escrito, quando se tem que ter uma conversa essencial com quem é muito ocupado, quando se tem que priorizar o que tem ser feito no dia etc, ajuda muito fixar-se em três prioridades. Ajuda a ser essencialmente seletivo e, mais do que isso, ajuda a memorizar o indispensável.

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