Â
Praticamente todas as empresas no seu inÃcio, contam com a disposição e a força propulsora de um ou mais empreendedores que, a despeito das dificuldades, seguem em frente, muitas vezes desafiando as leis da âfÃsica empresarialâ? (ver, a propósito, o Gestão Hoje anterior â GH/622). Relativamente ao Brasil, inclusive, com a âvantagemâ? de viverem num ambiente naturalmente turbulento.
âO Brasil tem uma arma secreta. Devido à instabilidade da moeda que existia e a outras guinadas econômicas, os empresários brasileiros passaram a lidar melhor com a imprevisibilidade do que os seus pares nos EUA e na Europa.â?
James Collins, autor do livro âFeitas para Durarâ?
Nesta condição, o empreendedor iniciante, por conta de sua condição pioneira, em especial no Brasil, vê-se obrigado a inovar e a criar soluções não convencionais para os problemas que vão surgindo. Em muitos casos, o exercÃcio da inovação passa a ser a principal regra utilizada, substituindo, mesmo, os outros mecanismos administrativos que passam a ser indispensáveis a partir de determinado momento da vida da empresa. Deste modo, a inovação (na verdade, no caso, mais criatividade que inovação) passa a ser ferramenta cotidiana em vez de mecanismo de evolução.
âAdministração e espÃrito inovador constituem apenas duas dimensões diferentes da mesma tarefa. Um empresário inovador que não aprender a administrar não vai durar muito tempo. Uma administração que não aprender a inovar, tampouco.â?
Peter F. Drucker, 1909-2005, guru da Administração
Na condição de âfaz tudoâ? que usa e abusa da criatividade para resolver até problemas administrativos corriqueiros, o empreendedor bem sucedido, diante do crescimento da empresa, acumula funções e responsabilidades indiferenciadas que começam a funcionar como entraves ao desenvolvimento.
âHá três tipos de homens de negócio: o empresário, o executivo e o investidor. Para ter sucesso é preciso ser os três ao mesmo tempo.â?
Carlos Slim Helu, dono da América Móvil
A observação de Carlos Slim, principal acionista da Claro e provavelmente o latino-americano mais rico do mundo, destaca alguns papéis que quando não diferenciados provocam, com certeza, prejuÃzos ao crescimento da empresa. E, aÃ, aparece o problema com mais nitidez: depois de determinado tamanho, aquilo que deu certo para que a empresa chegasse até onde chegou, não só não dá mais certo como começa a funcionar enquanto entrave ao crescimento, sobretudo na nova economia.
âPara concorrer na nova economia é essencial esquecer os antigos padrões.â?
C. K. Prahalad, autor de âCompetindo pelo Futuroâ?
Esquecer os antigos padrões, sobretudo aqueles dos tempos heróicos, e aprender outros mais adequados aos novos tempos. Em outras palavras, no que diz respeito à s empresas em crescimento, sobretudo as familiares: profissionalizar a gestão. Nessas empresas a exigência de desaprendizado e reciclagem é muito maior, sobretudo para os próprios empreendedores. Nelas, eles conhecem, por necessidade inicial, do âparafuso à bolsa de valoresâ?. Com a evolução da empresa e, sobretudo, com a entrada de executivos profissionais, esse generalismo, no inÃcio essencial, passa a atrapalhar se não for reciclado.
O desafio dos empreendedores, então, é muito claro: transformarem-se em empresários que deixam de fazer diretamente as coisas para coordenar profissionais com essa responsabilidade.