João Silveira Guimarães, nascido em 1910 na localidade de Brejo do Cruz no sertão da Paraíba e empresário vitorioso em Capina Grande, onde fundou o Grupo Dão Silveira de concessionárias Chevrolet, cunhou a frase que se tornou sua marca por toda vida:
“Quem tem vontade, já tem a metade.”
Dão Silveira, empresário paraibano
Trata-se de frase extraordinária que ilustra uma trajetória de vida baseada na força de vontade e na superação de dificuldades. Serve para Dão Silveira e para milhões, inclusive o presidente da República do Brasil, que ultrapassam os obstáculos impostos pela vida, movidos por algo que já foi chamado de “elã vital” pelo filósofo francês Henri Bérgson. Algo que não pode ser explicado pela ciência.
“A ciência, pois, em todo o refinamento de seus métodos não chega, nem pode chegar à causa profunda do organismo que é o elã vital, a própria vida.”
Angel Vega Rodríguez, professor de Filosofia da UFMA
A ciência não explica a vontade ou a disposição de “ir em frente”, a exceção, talvez, da Bioquímica a propor, quem sabe, alguma reação molecular impulsionadora como chegou a aventar o pensador francês Edgar Morin, no excelente livro “O Paradigma Perdido — A Natureza Humana” (Publicações Europa-América, 1973).
“É possível que tenha aparecido muito cedo o defeito genético da não metabolização do ácido úrico, cujo excesso tóxico nas células cerebrais parece desempenhar um papel numa característica espalhada pela humanidade: a tenacidade que vai até o fim; é evidente que este defeito só podia constituir vantagem seletiva nas condições e no grupo em que se difundiu.”
Edgar Morim, sociólogo e filósofo francês
Considerada por curiosa a hipótese da intoxicação cerebral pelo excesso do ácido úrico não metabolizado, a verdade é que a vontade, e sua irmã gêmea a tenacidade, têm a mágica característica de materializar o desejo, fazendo-o concreto, tirando-o do território do idílico, como bem frisa Theodor Herzl, considerado o pai do sionismo moderno (movimento político e religioso que visava ao restabelecimento, na Palestina, de um Estado judeu, e que se tornou vitorioso em maio de 1948 com a proclamação pela ONU do Estado de Israel).
“Se vós quereis, isso não será um sonho.”
Theodor Herzl, 1860-1904, jornalista judeu austríaco
Claro que mesmo sendo a metade, o indivíduo dotado da vontade carece da outra metade que, dentre outras coisas inclui a seletividade e a preparação. No que diz respeito à seletividade, Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Athayde, destacou:
“A primeira condição para se realizar alguma coisa é não querer fazer tudo ao mesmo tempo.”
Alceu Amoroso Lima, 1893-1983, pensador brasileiro
Bernardo Rocha de Rezende, o já famoso técnico Bernardinho, notabilizado pela vontade com que tem impulsionado as seleções brasileiras de vôlei para a conquista de títulos mundiais, destaca com muita propriedade esse outro componente da metade faltante à vontade que é a preparação. A vontade de vencer sem a adequada preparação resultará, com certeza, em fracasso.
“A vontade de se preparar tem que ser maior que a vontade de vencer.”
Bernardinho, técnico de vôlei brasileiro