Semelhanças e diferenças entre osdesenvolvimentos da China e do Brasil

 
Apesar de ninguém desconhecer que a China é o maior fenômeno econômico das três últimas décadas, não deixa de surpreender, mesmo para os mais informados, o que aconteceu depois das reformas promovidas por Deng Xiaoping em 1978 (ver o GH/618).

“A China é o país mais populoso do mundo e o que mais cresce, há pelo menos 25 anos. A China já ultrapassou a Itália, a França e a Inglaterra e assumiu o posto de quarta maior economia do mundo. Se mantiver o ritmo atual, em cerca de duas a três décadas, terá ultrapassado os Estados Unidos.”

Cláudia Trevisan, jornalista brasileira

De fato, hoje, à frente da economia chinesa, só a alemã, a japonesa e a norte-americana. Segundo as previsões dos economistas, mantidos os índices de crescimento verificados nos últimos anos, a China assumirá o 3o. lugar em 2015, o 2o. lugar em 2020 e o 1o. lugar, à frente dos EUA, em 2040. Qual o segredo deste desempenho impressionante? Para Cláudia Trevisan, ex-correspondente da Folha de S. Paulo em Pequim e autora do livro “China — O Renascimento do Império” (Editora Planeta), o segredo está na determinação dos dirigentes.

“A lição mais importante da China é ter um projeto de crescimento para o país e executá-lo com determinação. Os dirigentes chineses sabem onde querem chegar e tomam as decisões necessárias para tanto.”

Cláudia Trevisan

Esse determinismo dos dirigentes tem sido vital para o sucesso do modelo. Sem uma firme e decidida planificação estatal, todo o processo de crescimento de uma economia de mercado dentro de um regime socialista resultaria em catástrofe. O que está acontecendo é algo nunca antes tentado na história da humanidade.

“O que o Partido Comunista está tentando fazer na China é usar os mecanismos de mercado próprios do capitalismo sem adotar as instituições políticas que acompanham esses mecanismos nos países ocidentais (eleições livres, separação de poderes, imprensa livre etc). Eles chamam seu sistema de ‘economia de mercado socialista’”.

Cláudia Trevisan

Se dará certo no médio e longo prazos como vem dando no passado recente, só o tempo dirá. Dentre os desafios gigantescos que o país enfrenta, um merece destaque, a título ilustrativo, pela sua semelhança com o exposto pela mídia neste momento no Brasil.

“A China tem índices de corrupção muito mais alarmantes que os do Brasil, com o agravante de que não há imprensa livre, Ministério Público nem Judiciário independente para coibir abusos. O próprio Partido Comunista reconhece que o grau de corrupção de seus integrantes é uma das principais ameaças à sua continuidade no poder. Várias dinastias chinesas caíram pela corrupção de seus dirigentes e o mesmo destino pode acometer os comunistas.”

Cláudia Trevisan

Apesar de tantas diferenças, infelizmente nesse aspecto parece haver semelhança entre China e Brasil: ambos precisarão domar a corrupção para conseguir ir mais longe em seus horizontes de desenvolvimento.

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