O Conselho de Ética do Senado continua dando um show de falta de ética, dentre outras barbaridades, elegendo um presidente que responde processo no Supremo Tribunal Federal, acusado de crime contra a ordem tributária. Enquanto não se resolve nada no Conselho, o “caso Renan” segue humilhando o país.
“Num quadro político decente, um senador que paga mesada a uma senhora valendo-se da intermediação de um lobista amigo deixa o Parlamento que humilha. Quando isso não acontece, o Parlamento humilha o país.”
Elio Gaspari, coluna de 01.07.07
Mais do que humilhar o país, as manobras dos senadores para não fazer as investigações necessárias e, com isso, inocentar liminarmente o senador sob suspeita, encobrem uma realidade pressentida mas ainda não explicitada com a desconcertante clareza do senador Gilvam Borges.
“Se for investigar todos os senadores a fundo, e levá-los ao Conselho de Ética, não sobra um. Tem que fechar o Congresso por dois anos.”
Gilvam Borges, senador PMDB/AP
De uma semana para outra, a situação deteriorou-se tanto que o senador Jarbas Vasconcelos, voltou à carga sobre a situação crítica do Senado Federal.
“O que não pode é o Senado ficar sangrando e, mais do que isso, fedendo.”
Jarbas Vasconcelos, senador PMDB/PE
Enquanto isso, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o presidente Lula toma conhecimento de mais uma pesquisa de opinião (CNT/Sensus) na qual seu alto índice de aprovação se mantém inalterado, apesar da crise política e, mais ainda, do envolvimento do seu irmão Genival Inácio da Silva (Vavá) em episódios de suposto tráfego de influência.
“O levantamento mostra que 70,7% dos entrevistados que acompanharam ou ouviram falar do caso Vavá consideram que o episódio foi negativo para Lula. Pior: 52,2% acreditam que o presidente tinha conhecimento prévio do suposto lobby de Vavá junto ao governo (…) Apesar disso, segundo os dados da pesquisa, o desempenho pessoal do presidente manteve-se estável em relação ao último levantamento de abril. Lula é aprovado por 64% — há dois meses, eram 63,7%. Somente 29,8% o desaprovam.”
Letícia Sander, Folha de S. Paulo, 27.06.07
Além da boa avaliação do presidente, seu governo também é bem avaliado: 47,5% consideram o desempenho do governo positivo e somente 14% o avaliam de forma negativa.
“O que mantém a popularidade do governo é o funcionamento da economia e os programas sociais, além do carisma do presidente.”
Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus
Estranho país em que grassa uma grave crise de representação política e só se salva, no plano federal, a figura do presidente da República que se dá ao luxo, inclusive, de defender publicamente o indefensável presidente do Senado. Mais estranho ainda é que na outra casa legislativa (a Câmara dos Deputados) corre solto o debate de uma reforma política que, apesar de essencial, fica abafada pelos escândalos em cascata. Em algum lugar isso tudo vai dar. Vamos esperar para ver onde.