O cenário estava relativamente calmo entre as empresas de tecnologia quando surge a proposta extravagante: a Microsoft ofereceu R$ 44,6 bilhões pela compra do Yahoo! A pergunta que fica no ar é: o que está em jogo para uma oferta tão grande? A resposta é uma só: publicidade on-line.
“Neste ano [2008] estima-se que a publicidade on-line (internet, celular e outras mídias digitais, como o serviço de TV por internet, o IPTV) irá gerar uma receita de US$ 41,6 bilhões, com um crescimento de 23% em relação ao ano passado.”
Jornal Valor, 19.02.08
De um lado do ringue a Microsoft, do outro lado o Google que faturou em 2006 US$ 10,6 bilhões e em 2007 US$ 16,6 bilhões, um aumento de 56,6% em 12 meses devido aos anúncios associados às buscas na internet.
“Diante deste fenômeno, a companhia de Bill Gates tentou entrar neste ramo criando sua própria ferramenta de busca, o Live Search. Em vão. A novidade conquistou modestíssimos 2,9% das pesquisas feitas na rede — o Google detém 62,4%.”
Revista Veja,13.02.08
O Google está para a internet como a Microsoft esteve para os computadores portáteis. Ainda estudante universitário, Bill Gates, brilhante programador e futuro gênio da raça na era da informação, percebeu que os computadores se transformariam em eletrodomésticos e que aquele que dominasse o sistema operacional, dominaria o negócio dos softwares utilitários no mundo. O resto é história. Há poucos anos, dois outros estudantes de uma mesma universidade e que não se conheciam antes de esbarrarem quase acidentalmente, desenvolveram um algoritmo de busca na internet que em pouco tempo se tornaria a sensação em forma de site. Ninguém hoje procura nada na internet sem ser através do Google. Um verdadeiro fenômeno.
“O Yahoo! estava contra a parede havia alguns anos, castigado por uma série de decisões estratégicas erradas e pressionado pelo Google, um competidor formidável, que mudou as regras do jogo na web e deixou todos os concorrentes comendo poeira. Enquanto o líder aperfeiçoava seu sistema de buscas e a entrega de publicidade atrelada às pesquisas dos internautas, o Yahoo! continuava a depender de publicidade gráfica, os tradicionais banners. O resultado disso foi o aumento fatal da distância tecnológica entre as duas empresas.”
Exame, 21.02.08
O Yahoo! que ficou sem espaço na verdadeira briga de cachorro grande em que se transformou a disputa Microsoft x Google, por enquanto disse que a proposta não interessa. Até quando resistirá não se sabe. A história mostra que a Microsoft sabe brigar mas o Google é um desafiante de respeito. Bruno Queiroz da Cartello (empresa de prestação de serviços para a internet) sintetiza bem o desafio:
“As duas empresas seguem pelo mesmo caminho mas em direções opostas. A Microsoft quer ir do software para a internet e o Google pretende utilizar a internet para vender software (com a propaganda pagando).”
Bruno Queiroz, diretor executivo da Cartello