A briga Microsoft x Google e sua repercussão para a gestão empresarial


A disputa entre a Microsoft e o Google, tratada no número anterior (ver GH/681), ainda vai dar muito o que falar pelo que representa em termos de mudanças importantes de paradigmas da chamada tecnologia da informação, em especial da internet. Inclusive, no que diz respeito à gestão. Não só à gestão das empresas e organizações impactadas pelas mudanças tecnológicas como, também, aos modelos de gestão das próprias oponentes, com prevalência para o modelo de gestão da desafiante Google. No seu mais recente livro, Gary Hamel, consagrado autor inglês sobre estratégia e gestão (The Future of Management, traduzido no Brasil com o inapropriado título O Futuro da Administração — quando deveria ser O Futuro da Gestão), diz o seguinte:

“O Google é um pioneiro da gestão moderna que tem muito a ensinar sobre como construir empresas realmente adequadas ao século XXI.”

Gary Hamel Clemente Nóbrega, consultor e escritor brasileiro, escreveu artigo publicado na última edital da revista Época Negócios (Número 13, março/2008) discordando de Hamel em relação ao Google.

“Por que o Google (…) e não British Petroleum, Toyota ou Wal Mart, por exemplo? (…) o Google é bacana, atrai talentos em penca, é engraçada, criativa, informal. Sua sede tem barbeiro, piscina, quadras de vôlei, creche. (…) Mas foi isso que causou seu sucesso? Não.”

Clemente Nóbrega

Defende Nóbrega que a causa do sucesso do Google foi o inteligentíssimo processo de fazer dinheiro com propaganda de palavras (link patrocinado), descoberto meio por acaso e introduzido antes (“e não depois!”) da “gestão libertária” que tanto agrada a Hamel.

“A Microsoft partiu para o tudo ou nada, querendo o Yahoo de qualquer maneira, porque vê que o Google ficou imbatível. Sua força é análoga à que a própria Microsoft criou no passado para si: uma vantagem inicial que se auto-reforça e blinda a empresa da competição. A diferença é que o produto do Google (seu sistema de busca) se revelou muito melhor do que o de seus concorrentes; o Windows nunca foi melhor do que o sistema Apple, apenas se propagou mais rápido, tornando a Microsoft monopolista.”

Clemente Nóbrega

A provocação é boa e suscita um discussão muito interessante. Vale a pena acompanhar. Aguardemos os novos ingredientes desse enredo especial.

“O Google dá de graça o cachorro quente — a informação que você busca; e cobra pelo catchup — a propaganda sobre o tema que você está buscando. É por isso que eles não param de dar coisas de graça: Gmail, Google Maps, Vídeos, Bloggers. A Microsoft se apavora com a possibilidade deles darem aplicativos grátis também (processadores de texto, planilhas…), pois isso ameaçaria o dinheirão que ela ganha com o Office. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas — sem querer ser chato — não tem nada a ver com ‘gestão do futuro’ não, viu Mr. Hamel?”

Clemente Nóbrega

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