O tema tratado no Gestão Hoje anterior destaca a importância do líder trabalhar para que a equipe precise mais ser “segurada” do que “puxada”. Todavia, essa postura, extremamente benéfica do ponto de vista da gestão no longo prazo, se aplica com mais propriedade nas situações em que não são exigidas mudanças muito aceleradas em resposta a crises. A propósito da questão das mudanças, inclusive, há quem defenda que elas só ocorrem, de fato, impulsionadas pelas crises.

“Mudanças só ocorrem nas crises. Em situações normais, a tirania do ‘status quo’ prevalece.”

Milton Friedman, 1912-2006, economista dos EUA

Ainda que possa não ser tão radical assim, o fato é que as crises são boas oportunidades para promover mudanças. Quanto maiores, mais carregam o potencial de resolução pelo incômodo que provocam.

“As crises primeiro têm de ficar realmente grandes para que sejam então resolvidas.”

José Alexandre Sheinkman, economista brasileiro

Uma peculiaridade das crises é que, muitas vezes, elas se arrastam durante longo tempo, sem se mostrarem em sua plenitude, até que se transformam em agudas e passam a evoluir com rapidez insuspeitada.

“Chegar até a crise demora mais do que você pensa e acontece mais rápido do que você poderia imaginar.”

Rudiger Dornbusch, 1942-2002, economista alemão

Uma das principais características das crises é que elas forçam a tomada da decisão de mudar. A própria origem da palavra já remete a isso. Mas, enquanto a crise não se torna aguda e reclame soluções urgentes, a tendência é os envolvidos e responsáveis pelas decisões, irem deixando para depois na esperança de que os problemas se resolvam por eles mesmos, o que, na maioria das vezes, simplesmente não acontece.

“A palavra crise (do grego krisis) significa momento de decisão.”

Maria José Bretas Pereira, consultora mineira

Quando a crise se mostra na sua inteireza, os líderes conscientes de suas responsabilidades aproveitam a oportunidade que ela traz e tomam as decisões necessárias à realização das mudanças. A propósito, o ideograma chinês que representa palavra crise tem o duplo sentido de problema e oportunidade.

“O pessimista vê uma crise em cada oportunidade. O otimista vê uma oportunidade em cada crise.”

Winston Churchill, 1874-1965, estadista inglês

Oportunidade e risco, às vezes de aniquilamento, que precisam ser enfrentados com determinação e sem perda de tempo, sem titubeio. Para isso, o reforço da hierarquia é fundamental. O líder tem que “pegar o touro pelo chifre”, sem questionamentos.

“A hierarquia, e a aceitação dela sem questionamentos por todos na organização, é a única esperança de salvação numa crise.”

Aí, diferentemente do exposto no Gestão Hoje anterior (ver GH/686), se a equipe já não for autônoma e capaz de caminhar com suas próprias pernas, não dá para esperar que seja. O líder precisa agir, e agir rápido, pois a demora pode causar perdas irreparáveis, quando não a sobrevivência da organização.

“Na crise, não existe liderança compartilhada. Quando um barco está afundando, o capitão não pode convocar uma reunião para ouvir pessoas.”

Peter F. Drucker

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