Na semana passada o preço do petróleo chegou a atingir US$ 135 o barril. Um patamar inimaginável há muito pouco tempo atrás.
“Em 1998, enquanto a crise financeira internacional ainda se desdobrava, o preço do petróleo despencava abaixo dos US$ 10 por barril.”
Otaviano Canuto, economista, Valor, 29.09.2000
De fato, o preço do petróleo aumentou mais de dez vezes em termos nominais num período menor que dez anos. Só no intervalo de um ano, o preço quase que triplicou, indo de US$ 50 para os US$ 135 da semana que passou.
“Aumentos de preços espetaculares similares a este só ocorreram quatro vezes nas últimas décadas: em 1973, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) impôs um embargo pela primeira vez; em 1979, como conseqüência da Revolução Iraniana; um ano mais tarde, quando o Iraque invadiu o Irã; e em 1990, quando o Iraque invadiu o Kuait.”
Beat Balzli e Frank Hornig, Der Spiegel, 29.02.08
Os analistas apontam como causa básica desse aumento tão acentuado o descompasso entre demanda e oferta, em especial o crescimento da demanda proveniente dos países emergentes, à frente deles a China. Além desse, outro fator importante é apontado: a queda do dólar. A moeda norte-americana fraca faz com que investidores internacionais direcionem apostas para o mercado de commodities e o petróleo é uma commodity valiosa que se presta bem para esse tipo de prática.
“A queda da moeda americana faz com que outros ativos, entre eles o petróleo, sejam mais atraentes para os investidores.”
BBC Brasil, 28.04.08
Trata-se do mesmo fenômeno que influencia o aumento do preço dos alimentos (ver GH/689): uma combinação de crescimento da demanda, pouca elasticidade da oferta, queda do valor do dólar frente a outras moedas e especulação que termina funcionando como gasolina no fogo dos preços altos.
“A disparada dos preços reflete muito mais a ação de especuladores e a desvalorização da moeda americana. Com o dólar mais baixo em relação a outras moedas, o barril (que é negociado em dólar) fica mais barato e acessível a mais consumidores — o que aumenta a pressão da demanda.”
Jornal Valor, 23 a 25.05.08
Até onde isso vai parar? A própria Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) já previu preço de US$ 200 o barril. O banco Goldman Sachs também. Já Beat Balzli e Frank Hornig que escreveram o interessante artigo publicado no jornal alemão Der Spiegel, citam um experiente analista da Oppenheimer & Co, importante firma de análise de commodities, que defende uma queda expressiva.
“No fim das contas veremos algo como a gota que faz o copo transbordar. Ou como um halterofilista levantando um grande peso, até que alguém coloque um lápis em cima do halteres e ele se esborrache no chão. Isto é uma bolha. E ela estourará.”
Fadel Gheit, analista da Oppenheimer & Co
Penso que o anúncio, ontem, da elavação da produção do Petrólio, vai mexer com a tendência atual, pelo menos a inflação ocasionada por esse fator deve retrair, nesse aspécto dias melhores virão.
Célia