Uma das coisas mais difíceis para quem tem responsabilidade de administrar pessoas numa organização é demitir alguém. Ocorre porém que, a rigor, a demissão é a fase final de um processo que começa na admissão e que precisa ser cuidado com atenção desde o início, a começar pela própria análise dos currículos dos candidatos, sem esquecer uma questão crucial:
“Um currículo é um balanço sem passivos.”
Robert Half, consultor norte-americano
Passada a etapa de análise das alternativas pelos currículos (e é sempre bom ter mais de uma), é importante conversar com os candidatos, procurando observar suas características pessoais. Claro que, por melhor que seja o processo seletivo, sempre a escolha inicial será uma aposta. Nesse momento, é de grande importância a sensibilidade do selecionador e vale muito prestar atenção na recomendação de uma das pessoas mais bem sucedidas do planeta.
“Ao contratar alguém, busque integridade, inteligência e energia. Integridade é o mais importante — se o candidato não a tiver, as outras duas vão te matar.”
Warren Buffett, mega-investidor norte-americano
Sobre a fase de escolha entre vários candidatos e sobre essa observação muito apropriada de Buffett, vale a pena consultar os números anteriores GH/289, GH/290 e GH/496. Essa fase é crucial e sendo ela ultrapassada, é muito importante observar o que diz o experiente professor, escritor e consultor Russel Ackoff sobre a relação essencial entre supervisão e liderança.
“No século XIX, os chefes eram sempre escolhidos por serem os melhores em seu ofício e supervisionavam subordinados com baixo grau de escolaridade. Hoje, muitos subordinados, com alta escolaridade e conhecimento do ofício, sabem seu trabalho melhor que os chefes. Então, a função desses gerentes não é supervisionar — é liderar, fazer com que o subordinado renda o máximo.”
Russel Ackoff, escritor e consultor norte-americano
Uma providência muito negligenciada depois que o selecionado começa a trabalhar é o estabelecimento de uma sistemática de avaliação de desempenho, seja formal ou não. Isso é absolutamente indispensável. Uma evidência de sua importância é concentrada, nas amostragens de entrevistas de desligamento quando a reclamação majoritária dos demitidos é uma espécie de frase padrão: “nunca me falaram antes disso…”
“O ideal é que a demissão comece com uma frase do tipo ‘como nós já vínhamos conversando há algum tempo’…”
Patrícia Molino, consultora KPMG
A avaliação de desempenho regular permite a construção do argumento do desligamento se ele for motivado pelo desempenho inadequado (que é, aliás, o principal fator de demissão). No mais, vale a pena também considerar a recomendação de J. Marriott Jr., herdeiro e comandante de uma das maiores cadeias de hotéis do mundo, citado no excelente livro sobre a causa da boa evolução das empresas duradouras (“Feitas para Durar”).
“Encontre boas pessoas e espere que elas tenham um bom desempenho. Mande-as embora de maneira rápida e justa se tiver feito a escolha errada”.
J. Marriott Jr., presidente da Marriott Corporation
Achei a matéria muito importante, pois evita que o desligado saia com muitas queixas, tornando-se muitas vezes, inimigos da empresa.
Enviem mensagens neste estilo para meu email pessoal, sou estudante de administração e esse assunto é importantíssimo para mim.
Concordo plenamente com tudo o que texto mostra e já vi, mais de uma vez, esse problema acontecer em empresas. Porém, mais importante do que se preocupar com as avaliações de desempenho, é você dar o feedback para os seus funcionários. Fazer uma avaliação sem apresentar o feedback é pior do que não fazer avaliação, pois gera uma expectativa e uma desconfiança muito grande por parte dos funcionários.
Em complemento ao comentário acima, friso que uma avaliação periódica, pode, além de corrigir desvios de conduta e/ou diretrizes de ação, em caso de insucesso, prepara o subordinado ao desligamento, transformando a demissão em um processo, não em um ato isolado.
Boa tarde,
Concordo plenamente com o Rafael Marques.