O desafio de Obama é não repetirCarter e ser substituído por Sarah Palin

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A vitória de Barack Obama foi, sem a menor sombra de dúvidas, um acontecimento notável, sem precedentes na história contemporânea. Um negro na Casa Branca é algo que só os filmes de ficção tinham antecipado, mesmo assim para muitas décadas à frente. Obama é um novato na vida pública que conseguiu mobilizar para votar nele um grande contingente de pessoas que estava fora da política norte-americana. Um fenômeno.

“Obama foi eleito com 63,68 milhões de votos, cerca de 52,4% do total. A eleição de terça-feira teve os maiores níveis de participação popular (comparecimento de 65% às urnas) desde a década de 60 nos EUA, onde ninguém é obrigado a votar. Milhões de jovens e negros que nunca tinham participado da política foram votar em Obama, um político de carreira meteórica que era quase um desconhecido antes de lançar sua candidatura.”

Jornal Valor Econômico, 06.11.08

Trata-se de uma mudança política considerável que expressa também uma mudança demográfica muito importante numa nação que se pensava até há pouco hegemonicamente branca. Um resgate histórico que inaugura uma nova etapa na política norte-americana, mas que também coloca sobre os ombros do presidente eleito uma responsabilidade muito grande.

“Thomas L. Friedman, do The New York Times, escreveu que a Guerra Civil Americana do século XIX acabou em 4 de novembro de 2008, quando o país de maioria branca elegeu o primeiro presidente negro. Daqui para adiante, Obama será julgado pelo que vier a fazer do seu país e do mundo, não pelo que já fez com o seu próprio destino.”

Ricardo Amaral, repórter especial da revista Época

Os efeitos da crise econômica nos EUA serão muito fortes e tomarão boa parte da agenda presidencial, deixando para segundo plano, pelo menos no início do mandato, a maioria das promessas de campanha.

“Já estamos em recessão. Com ela vem o desemprego e a queda nos rendimentos do americano médio. Isso já é um custo a ser pago pela população. Para superar a crise aprofundaremos o déficit público, teremos um mercado financeiro mais regulamentado, o mercado imobiliário ficará mais restritivo, tornando mais difícil para as famílias adquirir uma casa. Em resumo, o custo para o americano médio torna a aumentar.”

Gary S. Becker, Nobel de Economia 1992, Veja, 12.11.08

Em 1977, o democrata Jimmy Carter também foi eleito surfando uma onda de mudança em relação ao governo republicano de Nixon. Foi apanhado por uma economia desfavorável e não se reelegeu. Esperemos que Obama consiga fazer diferente também aí.

“Afinal, os quatro anos de Carter acabaram sendo tão decepcionantes que garantiram a vitória do republicano Ronald Reagan em 1981. É por isso que os partidários da Sarah Palin que já planejam a campanha de 2012 não estão totalmente descontentes com a vitória de Obama.”

Edward Luttwak, especialista em defesa. FSP, 09.11.08

Este post tem 0 comentários

  1. Laércio Tavares

    Sem sombra de dúvida quando o povo quer, elege seu canditado desta vez elegeu-o com competência e, a oportunidade de uma mudança e da esperança.Só o tempo dirá se realmente foi o melhor para todos nós pois,o momento requer prudência.

  2. Cleto Padfilha

    Mais um excelente comentário. Situa bem, entre outros, mais um grande desafio que Obama enfrentará, o de ser ele próprio e não a imagem de qualquer antecessor. Parabens.

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