Do ponto de vista econômico, pode-se dizer, sem medo de errar, que o ano de 2008 foi extraordinário. Atropelados pela crise, vimos coisas que serão lembradas muitos e muitos anos à frente.
“O ano que se encerra foi um dos mais espetaculares das últimas décadas. Vamos nos lembrar dele. Vamos falar sobre 2008 a nossos filhos e netos como um período de mudanças extraordinárias e como exemplo de como somos suscetíveis ao imprevisto.”
Cláudia Vassallo, diretora de Redação, revista Exame
Como se não bastassem as emoções vindas dos EUA, o epicentro da crise atual, a semana passada encerrou no Brasil com dois recordes pouco lisonjeiros: (1) o real foi considerado a moeda mais instável do mundo (a que mais variou percentualmente desde que a crise começou, 40% entre a máxima e a mínima cotação) (Estado de S. Paulo, 28.12.08); e (2) a Bolsa brasileira teve o segundo pior desempenho do mundo (com perdas de US$ 835 bilhões, ou queda de -58,7% em 2008, só perdendo para a bolsa da Rússia) (O Globo, 28.12.08).
“Na hora em que há aversão a risco, o investidor quer ir embora, e é de onde tiver porta de saída que ele sai primeiro.”
Álvaro Bandeira, economista da Corretora Ágora
Com o investidor estrangeiro em fuga para cobrir posições nos EUA e o aperto de crédito sem precedentes, depois da quebra do Lehman Brothers, a queda de demanda tanto externa quanto interna é certa, em especial no próximo trimestre, uma época já sazonalmente fraca.
“O primeiro trimestre vai ser difícil. Vamos reduzir em 20% a produção de frango, suínos e peru.”
Antônio Augusto de Toni, diretor da Perdigão
Portanto, será necessária toda a atenção possível ao primeiro trimestre de 2009, uma vez que, tendo a crise começado nos EUA, ela terá que ser resolvida primeiro lá. Para isso, é importantíssimo o desempenho inicial do governo Obama que terá a difícil tarefa de lançar um plano de recuperação da economia abalada pelo terremoto financeiro. A maioria dos analistas considera que, além do próximo trimestre difícil, o primeiro semestre de 2009 será de transição.
“O primeiro semestre de 2009 será de transição e o segundo deve ter algo positivo.”
Walter Berchtold, presidente do Credit Suisse
A tarefa da próxima administração norte-americana não será fácil nem no que diz respeito à chamada economia real, nem muito menos no que diz respeito ao sistema financeiro, a começar pelo dos EUA mas abrangendo, também, o mundial que terá que ser praticamente reconstruído depois de mais de um quarto de século de desregulação, permissividade e afrouxamento dos controles. A euforia dos últimos tempos fez sumir o entendimento básico de que o sistema financeiro é um meio para que a economia real funcione e, não um fim em si mesmo.
“Em 2009, o desafio será recolher os cacos e reinventar o sistema financeiro mundial de modo que ele produza mais riquezas com menos riscos.”
Benedito Sverberi, revista Veja, 31.12.08
Aproveitando a oportunidade do último Gestão Hoje do ano, a TGI Consultoria, deseja a todos os leitores da newsletter um 2009 melhor possível. Que o próximo ano seja positivo, apesar das dificuldades, e que seja uma oportunidade para ajustar o que precisa ser ajustado e mais à frente retomar o ritmo afetado pela crise, com mais vigor e de modo mais sustentável tanto do ponto de vista econômico, quanto social, quanto ambiental.
apesar de todo o estrago e do que ainda não tomamos conhecimento, quando todo o “mundo” se esforça (verdadeiro trabalho em equipe), algo de positivo deve resultar. que seja ainda em 2009.
Adorei essa reportagem, vcs têm excelentes matérias. Que 2009 traga bons ventos positivos para a TGI.
Abraços e um bom retorno à todos!
Que fazer de 2009? Crise que até então atingia a sociedade e governo encontrou um ponto de interseção com a economia. A variável, terrível e cruel, epidemia. A agroindustria sentiu na pele seus agravos; o comércio quase que paralisou suas atividades, um temor temporário; e, a indústria, perdeu quadros – ativo intangível. Mais os desastres naturais, um arraso geral. As nações levantam seus exércitos, o comércio se retrai. O mercado tá envolvido nesses fatos, talvez seja um 2009 de prudência.
Francisco,
Como leitor semanal dos seu artigos parabenizo pelo conteúdo das informações acima. Lembrando que aprendi com a TGI a enxergar as dificuldades em “oportunidades”.
De forma otimista, estou no bloco dos que acreditam que os analistas e futurólogos de plantão – que não acertaram a previsão da “bolha” – estão neste momento inflacionando as “lástimas de carícia” para justificar o erro de previsão.
Desejo um 2009 de sucesso para você e todos da TGI.
Um grande abraço para você e Cármen.
Gosto muito dos comentário da TGI. O Brasil precisa ficar em alerta, a crise está aí e nao adianta fingir que não é conosco, vivemos em comunicação internacional, um país não se faz sem o outro.Isto é, uma bola de neve. Temos que tomar cuidado e não nos iludirmos. A verdade deve ser dita e não é isso que está acontecendo. A verdade para a população é o melhor que se faz neste momento. Pois o salário de ontem não dá para comprar as mesmas coisas no hoje. Um alerta a população pode tornar o Brasil um país melhor.Conscientizando o povo sobre o que realmente se passar, falando a linguagem popular do jeito que eles entendam.
Não deixando que fujam do país para investirem lá fora.