Prever o futuro nunca foi um forte da humanidade. Foram e são cometidos erros monumentais. Basta ver o que se disse (ou não se disse) da crise atual antes que ela desse as caras com a virulência com que deu. O texto abaixo ilustra com referências históricas essa dificuldade.
“Erra-se espetacularmente nas previsões. Com sinal negativo ou positivo. É só lembrar que Lênin, dias antes de eclodir o movimento que derrubaria o czar da Rússia Nicolau II, em 1917, lamentava perante uma platéia de jovens que não viveria o suficiente ‘para ver as batalhas decisivas da revolução vindoura’. Ou que o presidente Herbert Hoover, em cujo mandato ocorreu o crash de 1929 que deflagrou a depressão americana, proclamara, ainda durante a campanha, um ano antes, que a América estava ‘mais perto do triunfo final sobre a pobreza do que qualquer outro país, em qualquer outro momento da História’.”
Revista UpDate, Dezembro/2001
Na realidade, prever o futuro é impossível. O máximo que se pode fazer é especular sobre ele. Nada mais do que isso. Há, inclusive, um provérbio árabe muito ilustrativo sobre o assunto.
“Aquele que prediz o futuro mente mesmo que diga a verdade.”
Provérbio Árabe
O importante é procurar entender o que passou, as lições da história, para imaginar o que pode acontecer daí para frente. Tentar especular sobre o futuro sem conhecer e, no máximo que for possível, entender o que se passou antes, é uma atitude de pura adivinhação, incompatível com a seriedade requerida para isso.
“Quando o passado não ilumina o futuro, o espírito vagueia nas trevas.”
Alexis de Tocqueville, 1805-1859, pensador francês
Quando se trata de planejamento estratégico, a técnica mais eficaz para a projeção de futuros possíveis chama-se Construção de Cenários (ver a propósito da conceituação o Gestão Hoje número 465 e da aplicação da técnica o número 543). Sobre o futuro em 2009 e considerando o alto grau de incerteza projetado pela crise que começou no mercado financeiro norte-americano, vale a pena considerar os futuros econômicos possíveis (cenários) para 2009 esboçados pelo jornalista Cláudio Gradilone do Portal Exame.
1.Cenário Pessimista
Neste cenário, a principal variável é o comportamento da economia americana, que mergulha em uma profunda depressão e é seguida pelos principais países. Neste cenário, o Brasil não fica de fora; ao contrário, o país não consegue driblar a retranca da economia global e também mergulha na crise. Neste cenário, o crescimento da economia brasileira é zero.
2.Cenário Otimista
Neste cenário, a economia americana consegue um pouso suave, desacelerando seu crescimento no primeiro e no segundo trimestres e retomando o fôlego a partir de julho. Melhor do que isso, a economia brasileira vai de vento em popa, totalmente desligada da crise global.
3.Cenário Mais Provável
Aqui, a economia americana diminui seu ritmo de maneira sensível, mas isso é compensado, no Brasil, pelo fôlego do mercado interno. O consumo, especialmente de alimentos e bens não-duráveis, permanece elevado, os empréstimos conseguem manter algum fôlego no setor automotivo e imobiliário, e a inflação permanece nos 5% previstos pelo mercado.
O Gestão hoje tem sido uma ferramenta de grande valia para os gestores, que via de regra não dispõem de tempo e/ou acesso a fontes tão qualificadas que possam apoiar e fomentar suas reflexões no sobrecarregado contexto de suas atuações. Parabéns bela bela contribuição Chico. Um abraço e um 2009 cheio de energia!
Fico sempre curioso ao receber o Gestão Hoje pois de forma simples e rápida traz informações atualizadas sobre negócios no âmbito mundial e que geralmente consubstancia e influencia as nossas decisões gerenciais e no planejamento estratégico. Parabenizo você Chico e toda a equipe desse informativo semanal. Grande abraço!