Não é raro se ouvir, em meio a uma conversa despretensiosa no mundo corporativo, uma frase que se tornou uma espécie de lugar comum em relação à imagem que se tem sobre a efetividade dos trabalhos realizados em grupo.
“Se não quiser resolver um problema, entregue para um grupo de trabalho.”
Ditado popular no meio corporativo
Para ilustrar esse entendimento disseminado sobre grupos, uma frase do economista Roberto Campos, famoso polemista brasileiro, afeito a frases de efeito.
“O camelo é um cavalo desenhado por um comitê de economistas. Nem por isso é um animal inútil.”
Roberto Campos, 1917-2001, economista brasileiro
Essa suposta avaliação do trabalho de grupo é, evidentemente, uma injustiça e, mais do que isso, é o reforço indireto do mito de que as decisões bem tomadas, os problemas bem resolvidos e, por conseguinte, organizações bem sucedidas, são resultado da ação isolada de indivíduos de valor.
“Os grandes grupos e os grandes líderes criam-se a si mesmos. Os grandes grupos demonstram a mentira da incrivelmente persistente ideia de que instituições vitoriosas são a extensão da sombra de um grande homem ou de uma grande mulher.”
Warren Bennis e Patrícia Biederman, consultores EUA
Sem desmerecer a importância da contribuição individual e da liderança para o sucesso organizacional, a análise das organizações bem sucedidas no exigente mundo competitivo atual aponta para o protagonismo do trabalho em equipe. Só os grupos bem compostos e bem geridos são capazes de promover o que se poderia chamar da “operacionalização da diversidade”, fundamental para as organizações vitoriosas. Inclusive no que diz respeito à junção da fantasia produtiva com a capacidade de fazer acontecer.
“Só os gênios são fantasiosos e realizadores ao mesmo tempo. Como gênios não aparecem aos montes, o segredo é montar equipes que mesclem pessoas fantasiosas e realizadoras. Isso significará um ganho para os que têm ambos os perfis. A criatividade floresce em ambientes intelectualmente competitivos.”
Domenico De Masi, sociólogo italiano
Além da composição, os grupos ou equipes de trabalho (na condição de grupos mais “apurados”) têm como ponto crítico de sucesso a liderança. Os grupos bem sucedidos são os grupos bem liderados. E liderança também depende do tamanho do grupo. Equipes grandes demais são difíceis de liderar.
“Doze pessoas é o número máximo apropriado: equipes de seis a oito integrantes são ainda melhores. Os líderes em lealdade se organizam em pequenas equipes. A Southwest Airlines, por exemplo, tem um supervisor para cada dez funcionários; a Unites e a American, um para cada 20. Pois uma equipe numerosa não tem flexibilidade. Em nosso mundo dinâmico e em constante mudança, o que realmente influencia os custos são a capacidade de resposta rápida e a flexibilidade.”
Frederick F. Reichheld, diretor da Bain & Company