Apesar do desempenho industrial ruim, evidências sinalizam fim da crise no Brasil

Com o péssimo desempenho da produção industrial no primeiro semestre sendo visto pelo retrovisor, a economia brasileira dá sinais consistentes de que deixou a recessão para trás

Nesta segunda-feira foi divulgada uma informação que dá a dimensão dos efeitos da crise econômica no Brasil: a produção industrial no primeiro semestre de 2009 foi a pior da série histórica do indicador criado há 34 anos.

“A redução de 23,6% na produção de veículos automotores no primeiro semestre do ano puxou o recuo de 13,4% da indústria no período, no que se configurou no pior semestre desde o início da medição pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1975.”

O Globo, www.oglobo.com.br, 03.08.09
Esse desempenho ruim seguiu a tendência mundial de maior impacto da crise no setor industrial, em especial, no caso do Brasil, daquele voltado para o comércio exterior. Por outro lado, o aspecto positivo é que isso já pertence ao passado, uma vez que o setor, mesmo com a queda verificada, apresentou um crescimento de 7,9% nos seis primeiros meses de 2009 em relação a dezembro de 2008.

“A boa notícia é que o pior pode ser visto agora pelo espelho retrovisor, porque esse dado mostra o que passou. A economia já está em outro ritmo.”

Miriam Leitão, www.miriamleitao.com.br, 03.08.09
Esse novo ritmo é, segundo a maioria dos analistas, o da saída da recessão técnica (dois trimestres de crescimento negativo) e início da retomada, com uma reação já detectável, confirmando as tendências identificadas em números anteriores do Gestão Hoje (ver GH/739 e GH/740).

“A recessão brasileira terminou em maio. Após dois trimestres seguidos de retração, que caracterizaram recessão técnica no país, a economia brasileira voltou a se expandir exatamente no centro do segundo trimestre, segundo diferentes estudos dos bancos.”

Folha de S. Paulo, 28.07.09
Além dos estudos dos bancos, já começaram a ser produzidas as reportagens sobre a retomada, como é o caso da publicada na última revista Exame, que dedicou a capa à volta do crescimento.

“Quando se considera a economia como um todo, já é possível delinear as principais características da reação em curso. Em primeiro lugar, fica claro que ela veio mais cedo do que muitos esperavam. Nesse sentido, a crise, embora intensa, foi breve — durou, para valer, dois trimestres. Em segundo, é claro que algumas empresas e setores estão reagindo antes e com mais força. A situação tende a ser melhor para quem atua mais perto do consumidor. Em terceiro, a volta ao ritmo de crescimento pré-crise não deve ocorrer rapidamente. Embora tenha mostrado uma resistência invejável, o Brasil está integrado à ainda combalida economia global.”

Revista Exame, 29.07.09
Com a economia mundial bastante fragilizada pela grande destruição de riqueza provocada pela crise do setor imobiliário norte-americano que contaminou em cadeia o setor financeiro e a economia européia, enfraquecendo fortemente a demanda mundial, a economia brasileira sofre, em especial seu setor exportador. Com isso, apesar da recuperação, as estimativas são de que crescimento em níveis pré-crise só seja retomado mesmo lá para o final de 2010.

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