Contra a dispersão digital e a competição, só o conhecimento, o foco e a resolutividade

Para enfrentar, com êxito, as grandes exigências de um mundo empresarial cada vez mais fragmentado e competitivo, é preciso ir direto ao assunto sem, no entanto, deixar-se aniquilar
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Em entrevista muito boa na revista Veja desta semana o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (Ucla), trata das transformações que as ferramentas digitais, em especial a internet, provocam no funcionamento do cérebro. Tanto para os que nasceram depois dos anos 80, no meio da revolução digital, quanto para os que ele chama de “imigrantes digitais” (os que conheceram as tecnologias da era digital quando já eram adultos), o que se verifica é o aumento da dispersão e do estresse.

“Sacrificamos a profundidade pela amplitude. (…) Quando prestamos atenção parcial continuamente, colocamos nosso cérebro num estágio mais elevado de stress. (…) As pessoas passam a existir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação.”

Gary Small, revista Veja, 12.08.09
Se a esse fenômeno se acrescenta a competitividade, como bem define o consultor Stuart R. Levine no livro “Vá direto ao assunto — 100 regras para se tornar mais produtivo e recuperar o tempo perdido” (editora Sextante), tem-se um quadro preocupante.

“Vivemos numa época em que a competitividade é tão grande quanto o desejo de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Enquanto os funcionários de uma empresa se esforçam para dar mais sentido às suas próprias vidas, os empregadores lutam para gerar mais valor para clientes e acionistas. Como resolver esses problemas aparentemente conflitantes? Definindo um objetivo, conhecendo seu mundo e se concentrando. Em poucas palavras — indo direto ao assunto.”

Stuart R. Levine
O livro, recentemente lançado em português, de fácil leitura, é interessante e ajuda a refletir sobre essa realidade cada vez mais exigente. Dispersão e competitividade são vilões poderosos, capazes de comprometer bastante o desempenho individual num mundo empresarial cada vez mais dinâmico. Em especial numa conjuntura de crise econômica, quando as exigências se acentuam. Concentrar a atenção e encaminhar adequadamente os assuntos com os quais estamos implicados passa a ser um diferenciador da atuação profissional.

“Não deixe que os outros pensem que você é do tipo que deixa as coisas ‘no ar’. Se for tachado assim, vai ser difícil se livrar desse rótulo. Por outro lado, se você sempre der solução ou encaminhamento a um assunto, construirá uma sólida reputação profissional.”

Stuart R. Levine
Navegar gerencialmente num mundo cada vez mais fragmentado, disperso e altamente competitivo, exigente quase até nas últimas conseqüências, é tarefa que requer, sem sombra de dúvidas, muito empenho. Não é tarefa para amadores nem para descansados. O desafio é conseguir dar conta de tudo, além de muitas outras coisas específicas para cada caso, sem se aniquilar nem perder a capacidade de manter-se mental e fisicamente sadio, sobrevivendo à pressão e ao estresse. Outros números anteriores do Gestão Hoje já trataram disto. Para localizá-los basta digitar na busca do blog do GH (www.gestaohoje.com.br) palavras como, por exemplo, “estresse”, “lazer”, “tempo”. Boa pesquisa!.

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