O ambiente pós-crise é muito mais exigente para a gestão eficaz das empresas

A tese de Philip Kotler é que a crise econômica deflagrada em setembro de 2008 talvez tenha promovido a transição definitiva da “normalidade” para tempos de turbulência permanente
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Philip Kotler, o mais conceituado especialista em marketing estratégico do mundo, acaba de ter lançado no Brasil, pela Editora Campus, seu último livro escrito: “Vencer no caos — lições do guru de administração e marketing para uma gestão eficaz em tempos de turbulência”. Pela importância do autor e do tema, vale a pena tecer algumas considerações sobre o livro, a começar pela explicação da “era da turbulência”:

“Um dia, a condição dominante é o ataque terrorista de 11 de setembro; outro dia é a enchente do Katrina. E, quando menos se espera, instala-se o pânico em relação aos empréstimos hipotecários e aos níveis de inadimplência crescentes, que deflagram o colapso do sistema financeiro mundial. Os grandes choques se repetem com mais frequência hoje, em decorrência da interconexão cada vez mais estreita da economia global, que promove fluxos torrenciais de comércio e de informação.”

Philip Kotler e John A. Caslione
Tempos de turbulências, sejam elas globais, sejam setoriais ou, mesmo, individuais. O fato é que, defendem os autores, a desordem e a descontinuidade podem atingir qualquer organização, independente do seu tamanho.

“Mesmo sem colapsos financeiros globais, os tempos podem ser turbulentos para determinados setores e organizações.”

Philip Kotler e John A. Caslione
Partindo da hipótese de que o mundo entrou em uma nova era econômica que provocou a transição definitiva da normalidade à turbulência, os autores enumeram sete fatores que podem promover o caos geral ou particular.
1. Avanços Tecnológicos e Revolução da Informação
“A revolução da informação é, provavelmente, o fator isolado mais importante na moldagem da economia global.”
2. Tecnologias Disruptivas e Inovações
“Tecnologia disruptiva é termo que descreve o produto ou serviço que usa ‘estratégia disruptiva’, em vez de estratégia ‘evolutiva’ ou ‘sustentadora’.” (Exemplo: fotografia digital x fotografia química).
3. A Ascensão do “Resto”
“A ascensão do ‘resto’ atesta a turbulência e o caos provocado por uma das forças mais poderosas — as potências emergentes em ascensão, mais notadamente os países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).”
4. Hipercompetição
“A hipercompetição se configura quando as tecnologias ou as ofertas são tão novas que as regras [terminam] gerando vantagens competitivas insustentáveis.”
5. Fundos de Riquezas Soberanos
“Os poderosos fundos de investimento estatais da China, de Cingapura, de Abu Dhabi e do Kuwait controlam ativos no valor de mais ou menos US$ 4 trilhões.”
6. Meio Ambiente
“Os temas ambientais como mudança climática, saltaram para o alto das agendas sociopolíticas dos executivos, em comparação com os resultados de um ano atrás.”
7. Capacitação dos Clientes e das Partes Interessadas
“Os clientes e outras partes interessadas já não são agentes passivos e podem aprender o quanto quiserem sobre empresas, produtos e serviços.”
Para fazer frente a esses fatores de descontinuidade, os autores propõem um modelo de gestão do caos que administra vulnerabilidades e oportunidades. Mas isso já é assunto para o próximo Gestão Hoje.

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