Enquanto o Brasil sai da recessão, os EUA apontam para uma recuperação lenta

Junto com a constatação de que o Brasil saiu da recessão técnica depois do crescimento positivo no segundo trimestre, fica evidente que a retomada nos EUA ainda será penosa
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Com a divulgação do crescimento do PIB no segundo semestre de 2009, o Brasil sai tecnicamente da recessão depois de dois trimestres (4º. trimestre de 2008 e 1º. trimestre de 2009) de crescimento negativo (-3,4% e -1,0%, respectivamente).

“Pela primeira vez neste ano, o IBGE divulgou resultado positivo para o PIB. De abril a junho, a economia brasileira cresceu 1,9% na comparação com o período de janeiro a março, graças à recuperação da indústria e a mais um aumento das compras à vista e a prazo.”

Gustavo Patu e Denise Menchen, Folha de S. Paulo
Esses números do segundo trimestre reforçam a esperança de que o país consiga fechar o ano de 2009 com crescimento positivo, ao invés do crescimento negativo antes projetado por todos os analistas e organismos internacionais.

“Os novos números do IBGE encorajam o discurso e a esperança governista de que o país fechará o ano com um resultado acima de zero, embora não muito.”

Gustavo Patu e Denise Menchen, Folha de S. Paulo
Embora não seja a melhor performance do mundo, afinal China e Índia mantiveram índices positivos e altos de crescimento mesmo durante a pior fase da crise, o Brasil tem demonstrado uma impressionante capacidade de superação que chama a atenção até de quem está no meio do furacão norte-americano como é o caso do secretário do  Tesouro dos EUA, conforme relata a revista Veja desta semana.

“O Brasil está liderando o mundo para fora da recessão.”

Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA
Ao dizer isto, em alto e bom som, na última reunião do G20 em Londres para o presidente do Banco Central brasileiro Henrique Meireles, Geithner reforça o contraste da imediata situação pós-crise do Brasil com a dos EUA onde o caminho da recuperação será penoso.

Entre 2000 e 2007, os americanos aumentaram seu padrão de consumo em 44% — e esse aumento foi responsável por nada menos que 77% do crescimento econômico do país no período. Ao mesmo tempo, a dívida das famílias dobrou até chegar a 138% de sua renda, ou mais de 13 trilhões de dólares (…) as famílias americanas perderam cerca de 12 trilhões de dólares de janeiro a março de 2009 (…) Endividado, sem poupança e empobrecido, o consumidor americano começa a enfrentar agora um longo período de pé no freio.”

Tiago Lethbridge, revista Exame, 09.09.09
Mesmo com os ventos da recuperação já começando a soprar também nos EUA, é preciso não esquecer que no curto e médio prazos, por conta dos anos de consumo em bases pouco sustentáveis, a retomada será difícil na maior economia do planeta, o que, forçosamente, terá impactos relevantes sobre a demanda global. Afinal, as estatísticas mostram à exaustão, não há candidato no mundo capaz de substituir o ímpeto de consumo dos norte-americanos. E com eles consumindo menos, todos os países exportadores vão sofrer.

“O consumo pode levar uma década para voltar aos níveis anteriores à crise. Essa não é uma crise qualquer. Ela vai mudar o comportamento das pessoas mesmo depois de passar.”

Kenneth Arow, prêmio Nobel de economia de 1992

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