No momento em que a economia mundial parece dar sinais de que a temida recessão está ficando para trás, aparece a conta da “lambança” feita pelo mercado financeiro alavancado
Na mesma semana em que o Brasil recebeu o seu terceiro grau de investimento, desta vez concedido pela agência de classificação de risco Moody’s, a Bolsa de Valores de São Paulo atinge seu ponto mais alto e o dólar seu preço mais baixo em um ano, numa espécie de confirmação de saída da crise.
“Tem um peso simbólico importante por ser o primeiro (grau de investimento) vindo após uma crise muito grande, dando um carimbo de que o país conseguiu sair dela rapidamente.”
Silvio Campos Neto, economista do banco Schahin
Além disso, os países chamados de emergentes, dentre os quais o Brasil, conseguiram avanços importantes na cúpula do G20 em Pittsburgh nos EUA, transformando o Fórum na principal instância de discussão econômica no mundo pós-crise.
“O G20 assumirá o posto de zelador da economia global, dando mais voz às economias emergentes e desenhará regras mais duras sobre o capital de bancos.”
Portugal Digital, www.portugaldigital.com.br
Essa nova arquitetura é mais do que necessária por conta da verdadeira “lambança” que a falta de regulação e a “criatividade” do mercado sem amarras provocaram no ambiente das finanças e depois, por contágio, na chamada “economia real” dos EUA e do planeta. O próprio comunicado final do encontro do G20 em Pittsburgh é enfático neste aspecto.
“Nossa reunião se deu no meio de uma transição crítica para a recuperação com o objetivo de virar a página de uma era de irresponsabilidade e adotar um conjunto de políticas, regulações e reformas para enfrentar as necessidades da economia global do século 21.”
Comunicado do G20, Pittsburgh, EUA, 25.09.09
Essa “era de irresponsabilidade” terminou por inflar a bolha imobiliária que estourou nos EUA com reflexo para a Europa e Ásia e repercussões importantes para todo o mundo, como explica o economista Luiz Gonzaga Belluzo no prefácio do bom livro para ler nos tempos atuais “O Crash de 2008 — Dinheiro fácil, apostas arriscadas e o colapso global do crédito” de Charles R. Morris (editora Aracati).
“No ciclo recente, o circuito crédito-riqueza-consumo teve como ‘fundamento’, a valorização dos imóveis residenciais, avançou com a queda de preços das manufaturas produzidas pelos trabalhadores asiáticos e terminou na superalavancagem dos novos instrumentos financeiros.”
Luiz Gonzaga Belluzo, economista
A coisa toda só não foi ainda mais feia do que está se saindo porque o estado, que se pretendia “mínimo”, colocou a mão abaixo do mercado que se pretendia “máximo”, com um aporte monetário da ordem de um PIB dos EUA ou 10 vezes o PIB brasileiro e evitou a maior de todas as recessões.
“A crise financeira terá custado mais de 10 trilhões de dólares (cerca de 7 trilhões de euros) à economia mundial até o final de 2009, segundo um estudo do Commerzbank divulgado pelo jornal alemão Die Welt.”
Deutsche Welle, www.dw-world.de