Mais algumas considerações sobre o conflito de gerações no mercado de trabalho

Devido à importância da questão do conflito geracional entre os jovens entrantes no mercado de trabalho e a gestão das organizações, vale a pena mais alguns considerações sobre o assunto

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Dando continuidade ao tema da semana passada (ver GH/764) que teve boa repercussão entre os leitores, um complemento que se pode fazer acerca da geração que está entrando agora no mercado de trabalho é o seguinte:

“É uma geração que aprendeu a não reverenciar hierarquias, criada num ambiente interativo e colaborativo, com uma enorme variedade de opções. O que existe de habilidade para tarefas simultâneas e velozes, falta em foco e aprofundamento.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 27.09.09

As referências que funcionam para essa geração são os jovens empreendedores que, praticamente do nada, criaram negócios de bilhões de dólares a partir de idéias originais na internet.

“Se existe uma fonte de inspiração para os jovens empreendedores brasileiros, são os gênios milionários do mundo digital, como Chad Hurley do YouTube, Mark Zuckerberg, do Facebook, ou Sergei Brin e Larry Page, do Google.”

Revista Exame, 23.09.09

É justamente a internet, a Tecnologia da Informação e todo o aparentemente vasto campo de possibilidades que descortinam (além do fato de demandarem, em princípio, capital inicial muito baixo) que atraem os jovens para a criação de negócios próprios ou para o exercício de uma atitude conflituosa com as organizações “tradicionais” nas quais se candidatam a empregos.

“Mais da metade desses novos negócios se concentra no setor de tecnologia, muitos deles na área de TI, um mercado em expansão e passível de ser explorado sem grandes investimentos iniciais — vantagem determinante para profissionais que, em início de carreira, não contam com capital e começam sua empresa até dentro de casa (…) Os brasileiros estão postergando a decisão de morar longe dos pais: 62% dos jovens só começam a pensar nisso quando já passaram dos 30 anos, segundo mostra o IBGE. Até lá vão se capitalizando.”

Revista Veja, 16.09.09

São muitas mudanças que por conta do advento da revolução digital e da internet não foram ainda assimiladas pelas organizações, gerando o conflito de gerações que estamos começando a presenciar hoje no trabalho, em especial entre os mais jovens que entram nas empresas e os menos jovens que estão na gestão dessas empresas e organizações.

“Para o jovem, o que significa prazer é, na visão do empregador, incapacidade de lidar com a disciplina. Quando um fala em ambiente criativo, outro suspeita de falta de disposição em obedecer à hierarquia.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 27.09.09

É certo que sem prazer e sem satisfação pelo trabalho não se constroem mais empresas competitivas. Mas também é certo que sem disciplina e hierarquia as empresas não sobrevivem à competição desenfreada que instalou-se para ficar em todos os campos dos negócios. Como sair desse impasse é o que está a desafiar as mentes mais preocupadas com o futuro, em especial aquelas que estão na gestão das empresas e organizações contemporâneas. Mais um desafio para a nossa já desafiante realidade empresarial.

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