Misto de advogado, abolicionista, parlamentar, historiador, diplomata, Joaquim Nabuco é um exemplo de brasileiro cujas vida e a obra merecem ser relembradas 100 anos após sua morte
O governo federal definiu 2010 como o “Ano Nacional Joaquim Nabuco” em homenagem aos 100 anos de falecimento do maior dos abolicionistas brasileiros que nasceu em 19 de agosto de 1849, no sobrado 247 da Rua da Imperatriz, no Recife, e morreu em 17 de janeiro de 1910, na cidade de Washington, onde servia como primeiro embaixador do Brasil nos EUA. Foi uma personalidade plural que deixou uma obra de grande importância para o país.
“Ao lado de Machado de Assis, foi o maior vulto intelectual que o Brasil produziu no século 19 e entre os maiores de toda a sua história. (…) Sua obra – seja ela literária, ensaísta, política, panfletária e de história – nasce da vivência diária como político, abolicionista, advogado, diplomata, crítico literário e polemista.”
Anco Márcio Tenório Vieira, revista Continente, jan/10
A partir de sua experiência pessoal com a escravidão adquirida no período da primeira infância vivida no Engenho Massangana, na cidade do Cabo de Santo Agostinho a quarenta quilômetros do Recife, Nabuco, na expressão do historiador Evaldo Cabral de Mello, “escreveu a mais brilhante análise do papel desempenhado pela escravidão na formação social e política do Brasil”.
“Hoje todo mundo elogia a mestiçagem do povo brasileiro, mas quem exaltou isso pela primeira vez foi Joaquim Nabuco e quem consolidou foi Gilberto Freyre, cinqüenta anos depois, com Casa Grande & Senzala. Nabuco diz que nada do Brasil é puro, tudo do Brasil é misturado.”
Leonardo Dantas Silva, revista Algomais, jan/10
Joaquim Nabuco, com sua obra apaixonada e inspirada na experiência pessoal com aquilo que considerava “a nódoa infamante que a escravidão lançou sobre o trabalho em toda a América e, principalmente no Brasil”, foi o precursor não só de Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala) e de Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil), na década de 1930, como de Celso Furtado (Formação Econômica do Brasil) e Raimundo Faoro (Os Donos do Poder), na década de 1950, autores de obras seminais para a interpretação do Brasil.
“O regime servil é analisado, sem complacência, como uma verdadeira instituição que moldou o ethos brasileiro ao definir a nação economicamente, politicamente e organizacionalmente. E como observa o historiador [Evaldo Cabral de Mello], grande parte do pensamento social brasileiro se debruça sobre a herança dessa reflexão.”
Carolina Leão, suplemento Pernambuco, jan/10
Depois de viver até os oito anos no Engenho Massangana, Nabuco foi morar no Rio de Janeiro onde seu pai, o futuro ministro da Justiça, senador e conselheiro do Império, José Thomaz Nabuco de Araújo, era, então, deputado por Pernambuco. Iniciou a faculdade de Direito em São Paulo e formou-se na Faculdade de Direito do Recife. Depois, estudou na Europa e seguiu uma carreira profissional, intelectual e política, absolutamente invulgar.
“Nabuco pensava como um gigante histórico, polemizava como um estivador e jogava para a platéia como um ídolo pop.”
Vilma Gryzinski, revista Veja, 13.01.10
O “Ano Nacional Joaquim Nabuco” é uma justa homenagem a um brasileiro ilustre que deu uma enorme contribuição à compreensão e à melhoria do Brasil e que merece ter sua vida e sua obra realçadas neste momento em que o país começa a galgar um novo patamar no mundo.