Essas são algumas das previsões do livro “Os Próximos 100 Anos”, uma excelente e estimulante leitura para aqueles que se interessam pelo futuro, mesmo os que não mais o verão
O futuro sempre foi um tema que obcecou intensamente a humanidade. Ele é o campo por excelência da incerteza e, por conseguinte, dos receios muito justificados sobre o que vai acontecer conosco.
“É por isso que somos obcecados pelo futuro. Temos medo dele.”
Clemente Nóbrega, consultor brasileiro
Esses receios se justificam principalmente, como disse de uma forma muito direta Lorde Keynes, o famoso economista britânico, um dos arquitetos do sistema monetário internacional do pós-guerra.
“A longo prazo estaremos todos mortos.”
John Maynard Keynes, 1883-1946, economista inglês
A respeito do futuro, vale a pena comentar o bom livro, recentemente lançado, intitulado “Os Próximos 100 Anos – Uma Previsão para o Século XXI” de George Friedman (Editora Best Business) que trata da projeção de cenários mundiais para o próximo século. Logo de partida, o autor nos adverte que, em se tratando de antecipação do futuro, o senso comum não é um bom recurso.
“Quando se trata de prever o futuro, a única certeza é que o senso comum vai estar errado.”
George Friedman
Uma simples caracterização da situação no início do século passado na Europa, até o final da Segunda Guerra, ilustra essa certeza do autor sobre a inadequação do senso comum sobre o futuro.
“Imagine estar vivo no verão de 1900 e morar em Londres (…) A Europa dominava o hemisfério ocidental. (…) Agora se imagine no verão de 1920. A Europa fora destruída por uma guerra devastadora. (…) Imagine o verão de 1940. A Alemanha não só se reergueu, como conquistara a França e dominava a Europa. (…) Imagine agora o verão de 1960. A Alemanha fora destruída, desmontada em menos de cinco anos de guerra.”
George Friedman
De um modo geral, Friedman projeta a realidade do próximo século partindo de pressupostos bem definidos de que o cerne da natureza e das necessidades humanas não mudarão.
“O século XXI será como todos os outros. Haverá guerras, pobreza, triunfos e derrotas. Haverá tragédias e boa sorte. As pessoas vão sair para trabalhar, ganhar dinheiro, ter filhos, se apaixonar e odiar. Isso é a única coisa que não é cíclica. É a condição humana, e é permanente. Mas o século XXI será extraordinário em dois sentidos: será o início de uma nova era e verá uma nova potência global dominar o mundo inteiro. Isso não ocorre com muita freqüência. (…) Assim como as culturas francesa e inglesa foram definitivas em seus períodos de glória, também a cultura americana, por mais jovem e bárbara que seja, determinará o jeito que o mundo vive e pensa. Portanto, estudar o século XXI significa estudar os Estados Unidos.”
George Friedman
Usando a geopolítica para projetar a relação entre países e blocos e partindo do pressuposto bem substanciado da hegemonia norte-americana, Friedman antecipa, dentre outros eventos marcantes, a fragmentação da China por volta de 2020, uma terceira guerra mundial, por volta de 2050, entre Estados Unidos, Inglaterra e Polônia, de um lado, e Turquia e Japão, do outro, e uma confrontação crucial entre EUA e México por volta de 2100. Tudo argumentado de modo muito coerente, concatenado e bem narrado. Vale muito a pena ser lido por todos aqueles que se interessam sobre o que pode acontecer no futuro, mesmo que num futuro em que não estaremos mais aqui para testar os erros e o acertos da previsão feita.