Desafios para o futuro de Pernambuco

Protagonismo empresarial, educação, qualificação da mão de obra e inovação são algumas dificuldades a serem enfrentadas pelas empresas e pelo Estado.
No cenário mais otimista traçado pela 11ª edição da Pesquisa Empresas & Empresários, realizada pela TGI e pelo Instituto da Gestão (INTG) em parceria com a Ceplan e a Multivisão, o PIB de Pernambuco crescerá cinco vezes até 2035, chegando a R$ 439 bilhões, o equivalente ao PIB atual do Nordeste. Mas, para alcançar esse índice, Pernambuco e suas empresas têm uma imensa tarefa pela frente. Além de contar com uma conjunção favorável de fatores externos, precisam superar entraves que ameaçam o potencial de desenvolvimento do Estado. Educação básica, formação de mão de obra qualificada, maior protagonismo empresarial, investimento em inovação e capacidade de interiorização dos investimentos são alguns fatores críticos que precisam ser adequadamente enfrentados para que o Estado aproveite esta que é a melhor oportunidade de crescimento dos últimos cinquenta anos.
Nas entrevistas e workshops dessa edição da E&E, há um consenso em torno da ideia de que o grande desafio para o empresariado pernambucano é se posicionar de forma competitiva nesse novo desenho da economia. Isso passa, necessariamente, por uma mudança de postura, com foco em um maior protagonismo empresarial. Não é uma tarefa trivial. Várias cadeias produtivas tradicionais foram desmontadas ao longo do processo de desindustrialização que atingiu Pernambuco nas últimas décadas. Agora, com a retomada do dinamismo econômico, vários segmentos estão ressurgindo e outros se reformulando, a partir de uma nova dinâmica e da possibilidade de articulação com novos setores. Cabe aos empresários este grande esforço: ampliar sua capacidade de gestão estratégica não apenas para recuperar o tempo perdido, mas para atender às novas demandas, agora com um padrão de competitividade global.
Educação e inovação são outros entraves identificados pela Pesquisa. A baixa qualidade do ensino e a falta de mão de obra qualificada, já observada em diversos segmentos, podem levar Pernambuco a perder competitividade para outros estados. Isso requer uma estratégia eficaz para melhorar a educação nos seus níveis básico, técnico e profissional, capaz de preparar os jovens para ocupar essas vagas no futuro ao mesmo tempo que capacita e qualifica os trabalhadores para atender à atual demanda das empresas.
Assim como na educação, os índices de inovação empresarial no Estado também estão abaixo da média nacional e de outros estados nordestinos. Segundo a última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), de 2.312 empresas pernambucanas com mais de 500 empregados, apenas 31,5% desenvolveram algum tipo de inovação, contra 36,5% da Bahia e 40,3% do Ceará. Tanto na educação e qualificação da mão de obra como na inovação, entende-se que essa é uma tarefa conjunta para Governo e empresários. É preciso formular ações que induzam à inovação e estimulem a requalificação das empresas já instaladas no Estado.
A Pesquisa também está debatendo um aspecto preocupante na geografia desse novo mapa econômico: a concentração dos investimentos na Região Metropolitana do Recife, em especial no Complexo de Suape. Obras estruturais como a Ferrovia Transnordestina e o Canal do Sertão são consideradas essenciais para garantir a interiorização do desenvolvimento, viabilizando e articulando cadeias produtivas nas demais regiões e permitindo que todo o Estado seja, de fato, beneficiado pelo crescimento do PIB.

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