O calote foi evitado mas o problema não foi resolvido. Depois de uma longa e angustiante negociação que só foi concluída dois dias antes do prazo fatal, muito próximo do precipício, os partidos Republicano e Democrata dos EUA chegaram a um acordo sobre a o teto da dívida pública norte-americana que afastou a em tese catastrófica hipótese de um defaut da maior economia do mundo.
“O debate em torno da elevação do teto da dívida mostrou que os EUA chegaram perto do abismo e, quando isso aconteceu, ficou claro que têm um sistema político em crise. (…) Além disso, a economia americana está crescendo pouco por outros motivos, e o medo é que o país vire um novo Japão que, depois de uma crise, ficou dez anos sem avançar. Ou seja, o risco é de um crescimento baixo por muito tempo na economia mais importante do planeta. (…) o ajuste revelou um Estados Unidos em crise econômica e política.”
Miriam Leitão, Bom Dia Brasil, 03.08.11
Toda essa confusão predominante política, já que o centro do problema econõmico não era falta de dinheiro mas, sim, falta de autorização legislativa, no fim das contas, só fez desviar do assunto principal que é a dificuldade dos EUA retomar o seu ritmo de desenvolvimento e trazendo para o centro das preocupações o risco de uma década inteira perdida.
“Já andamos um terço do caminho para uma ‘década perdida’, e a virada do debate político na direção do déficit tornará mais provável que percamos mesmo a década toda.”
Mark Weisbrot, Folha de S. Paulo, 03.08.11
Toda essa radicalização terminou resultando num inédito e inusitado rebaixamento da nota da dívida norte-americana pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s de AAA (desde 1917) para AA+. Como se não bastasse, do outro lado do Atlântico, a situação da Europa se deteriora rapidamente. Resultado: estresse nos mercados financeiros mundiais, inclusive no Brasil cuja bolsa teve, na semana passada, a maior perda desde 2008, no auge da crise (com acumulado negativo de 10% na semana e 23% no ano).
“Havia uma forte tensão com o impasse da dívida nos Estados Unidos e as pessoas se descuidaram do tamanho da crise. Agora os investidores perceberam a gravidade e estão assimilando a ideia de uma recessão. A Bolsa pode ter correções positivas no curto prazo, mas não vejo um bom cenário nos próximos meses e talvez até nos próximos anos.”
Alexandre Galvão, professor do Ibmec, Estadão.com.br
De fato, com os EUA neste imbroglio econômico (e agora revelando também um componente político muito forte, afinal já está em jogo a sucessão de Obama), a Zona do Euro em situação complicadíssima e o Japão há dez anos com crescimento praticamente zero, três dos quatro atuais motores da economia mundial (cerca de 70% do PIB do planeta) estão parados. O único que está funcionando ainda a pleno vapor é o motor dos emergentes com a China à frente. Com um motor só, o resultado pode ser perda da capacidade de recuperação ou uma cada dia mais provável recessão.
“O mundo pode estar caminhando para uma ‘espiral negativa’.(…) mais desemprego, menos consumo privado, queda da arrecadação de impostos, recessão.”
Claudia Safatle, Valor Econômico, 05.08.11
Nos próximos dias veremos a definição do cenário que foi precipitado pela disputa norte-americana, pulou para a evidência da grave crise européia e produziu o pânico da semana passada. O que já dá para ver não é nada animador.
Será que estamos caminhando para uma liderança mundial, Moeda única, países sem barreiras?
Não será a hora de reduzir os gastos com armamento, geração de conflitos e viagens espaciais, por um periodo de pesquisas na area da saude, desenvolvimento auto sustentavel, energia alternativa e limpa, águas e ambiente maritimo? Porque competimos tanto, comprometendo a sobrevivência da humanidade?
Artigo muito bom, apesar de ser desanimador com relação as “certezas” da vida.
Isso prova que a “Era da Incerteza” continua existindo e aumentando de velocidade.
Temos que saber conviver com as constantes crises e administrando nossa qualidade de vida nesse complexo jogo politico/financeiro.
O planeta sempre apostou nos EUA como economia forte, mas até os mais fortes “adoecem”. A China está em pleno funcionamento, mas até quando? Com uma crise mundial, mesmo tendo o maior mercado do mundo, o excedente de produção como ficará? As barreiras alfandegárias e os impostos cobrados entre os países só dificultam uma saída mais veloz da crise. Cada um que queira se protejer e todos prejudicados no final. O Brasil continua o eterno país do futuro, mas com políticos corruptos, uma carga tributária imensa, afetando a renda da população, não vai sair do lugar. Será sempre emergente. Os grandes mestres da administração e da economia estão esquecendo ou desaprendendo como funciona o mercado.