As duas últimas edições da Coluna da Rede Gestão abordaram a necessidade de as empresas pernambucanas fazerem um ajuste competitivo para aproveitar as oportunidades que surgem no atual momento da economia do Estado. Além das questões já mencionadas, o desenvolvimento de um sistema de governança corporativa se insere como um fator de competitividade fundamental.
O Brasil é atualmente um dos principais destinos de investimento do capital estrangeiro mundial, e Pernambuco tem destaque no País como um dos estados que mais crescem. Nesse cenário, as empresas locais poderão se articular com grandes grupos de fora ou com outras organizações pernambucanas para se fortalecerem e competirem num mercado globalizado, mais profissional e hipercompetitivo. Essas articulações implicarão no desenvolvimento de um modelo de governança corporativa que suporte uma estrutura societária mais complexa e oriente o modo de relação entre as partes interessadas das organizações.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle”. O princípio básico da governança corporativa é a formatação de um modelo de relacionamento entre as instâncias decisórias e de controle de uma organização, com o objetivo de fazer com que o direcionamento dado pelos controladores de fato seja executado. O sistema deve ter como valores essenciais a transparência, ética, conformidade e prestação de contas acessível, tempestiva e auditável.
Um sistema de governança tem como questões centrais a relação de poder entre as partes envolvidas, a estruturação do processo decisório, o sistema de controle e regulação, a efetividade dos resultados e a sustentabilidade, buscando ampliar o potencial de perenidade da organização. Como iniciativas básicas para o desenvolvimento de um modelo de governança, podem-se considerar a elaboração de um código de ética, a estruturação de um acordo societário, a formação de um conselho de administração, a criação de um conselho de sócios e de família (no caso das empresas familiares) e a elaboração de um planejamento estratégico integrado.
Há dinheiro disponível e os olhares dos investidores estão voltados para Pernambuco, mas, para se credenciarem a fontes de recursos diferenciadas e a novas formas de parceria, as empresas pernambucanas precisam desenvolver sistemas de governança corporativa. Afinal, como disse o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, “agora, o aquário se destruiu, e a gente tem que sobreviver no mar. Não tenho dúvidas de que a gente vai sobreviver e muito bem, mas vai mudar uma porção de coisas”.