“Só depois que a tecnologia inventou o telefone, o telégrafo, a televisão, todos os meios de comunicação à longa distância, foi que se descobriu que o problema de comunicação mais sério era o de perto” (Millôr Fernandes).”
A frase do sempre genial Millôr ilustra um fenômeno bastante comum nas empresas. Apesar da quase overdose de informação e de veículos, potencializada com o surgimento das redes sociais, a comunicação eficaz do gestor com sua equipe, aspecto essencial para uma gestão competitiva, ainda é uma fraqueza em muitas organizações.
Pesquisa realizada pelo Project Management Institute Brasil (PMI) junto a 300 empresas de vários segmentos (entre elas Petrobras, Nestlé, Vale, Volkswagen, Votorantim, Lojas Renner, Embraer, Gerdau, IBM, TIM e BNDES) apontou que falhas na comunicação durante a etapa de gerenciamento são a principal razão para o fracasso de projetos — 76% das empresas pesquisadas apontaram a comunicação como ponto crítico, seguida do não cumprimento de prazos (71%).
Mas por que muitas empresas, mesmo as que têm mídias internas estruturadas — jornais, informativos, boletins, murais, intranet, entre outras — não conseguem desenvolver uma comunicação interna eficiente? Talvez porque não percebam com clareza a diferença entre informação e comunicação. Enviar a informação não significa, necessariamente, que a mensagem será recebida e compreendida. Para que a comunicação de fato se estabeleça é preciso planejá-la com cuidado, definindo previamente seu objetivo, público-alvo, veículo mais eficaz, conteúdo e mensagem a ser entendida. Ela deve ser contínua e interativa, estimulando a mão dupla e o diálogo. E também avaliada, para que se possa aferir seu impacto e checar se os objetivos foram alcançados.
Apesar da inegável importância das mídias internas, pesquisas têm demonstrado, com bastante ênfase, que a comunicação interna mais eficaz é a do gerente com a sua equipe. A conversa feita diretamente pelo gerente é, na prática, a base da comunicação interna, sem prejuízo dos meios ou veículos que podem ser usados para potencializá-la.
Só o gerente é capaz, por exemplo, de contextualizar, na medida adequada, o impacto da estratégia adotada pela empresa para a sua área e quais as exigências decorrentes para a equipe. Se o gerente não possui essa habilidade natural, a área encarregada da comunicação interna deve mantê-lo bem assessorado e treinado para o exercício desse papel fundamental. Sem esquecer que o líder não se comunica apenas falando, mas também fazendo (pelo que as ações evidenciam) e agindo (pelo que as atitudes demonstram).